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Relatório Macro

Comitê mantém juros de 6,5% até o final de 2018

Na última reunião do Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da ANBIMA, realizada em 15 de junho de 2018, a mediana apurada da taxa Selic indicou a manutenção dos juros em 6,5% até o final do ano. A mínima e a máxima previstas estão entre 6,50% e 8,50%,  indicando um aumento significativo da dispersão das projeções da Taxa Selic, reflexo da piora do balanço de riscos da economia a partir de maio.

Houve consenso entre os participantes que a greve dos caminhoneiros  no final de maio deve provocar  impactos negativos no crescimento e na inflação. Os efeitos mais relevantes devem ser na confiança dos agentes, refletidos na trajetória volátil  dos  preços dos ativos, sobretudo, da taxa de câmbio, nas últimas semanas.

Para o Comitê, a desvalorização do Real reflete não apenas a nova conjuntura externa como a piora na percepção de risco dos investidores em relação ao quadro econômico doméstico. A previsão do PIB foi revisada de 2,4% para 1,60%. A máxima e mínima registradas situaram-se entre 1,0% e 2,7%, indicando as incertezas quanto à capacidade de recuperação para este ano.

 

Política Monetária

Em relação à política monetária, a mediana apurada da taxa Selic indicou a manutenção dos juros em 6,5% até o final do ano.  A mínima e a máxima previstas ficaram entre 6,50% e 8,50%,  indicando um aumento significativo da dispersão das projeções da Taxa Selic, reflexo da piora do balanço de riscos da economia a partir de maio.

Projecoes da Meta da Taxa Selic para  2018 __a.a_.png

Na comparação com a reunião anterior, a mediana da projeção para o IPCA de 2018 aumentou de 3,6% para 3,9% A maior parte das estimativas concentrou-se entre 3,5% e 4,0%, com 73% das apostas contra 70% em maio. As projeções situadas entre 4,0% e 4,5% corresponderam a 18% das previsões contra 4% em maio. A mínima e a máxima previstas para este ano foram de 3,0% e 4,2%, respectivamente.

Projecoes IPCA em 2018.png

Houve consenso entre os participantes que a greve dos caminhoneiros  no final de maio deve provocar  impactos negativos no crescimento e na inflação. Os efeitos mais relevantes devem ser na confiança dos agentes econômicos , refletidos na trajetória volátil  dos  preços dos ativos, sobretudo, da taxa de câmbio.

A despeito da piora do cenário econômico, boa parte dos analistas acredita que não haja necessidade do Banco Central elevar os juros nas próximas reuniões do Copom, diante do alto nível de ociosidade da economia e das expectativas de IPCA para o ano  mantendo-se  abaixo da meta. O impacto da desvalorização do Real nos preços domésticos ainda não é possivel de ser mensurado e a elevação dos juros nestas condições  corre o risco de tornar-se uma medida precipitada.

O debate sobre política monetária concentrou-se sobre o comportamento dos preços dos ativos que, diante da maior aversão de risco pelos investidores , refletiu-se na elevação na parte longa da curva de juros, resultando em uma piora das condições financeiras em um contexto de maior volatilidade. Para alguns analistas este quadro pode ser atenuado com uma atuação conjunta do Tesouro e Banco Central seja intervindo no segmento cambial, no caso do Banco Central, e com o Tesouro operando no mercado de títulos – por intermédio de recompras de NTN-Bs. Outra medida importante seria adequar ao cenário econômico as metas previstas pelo  PAF (Plano Anual de Financiamento), elevando a participação das LFTs no cronograma de emissões, títulos que por renderem diariamente a taxa Selic são menos custosos ao emissor  do que papéis de maior exposição ao risco de mercado  .

Por fim, a avaliação do Comitê é de  que os efeitos dos eventos de maio resultaram na deterioração das expectativas econômicas dos agentes, sobretudo àquelas relacionadas ao crescimento e a piora do balanço de riscos inflacionários. Este ambiente de maior incerteza antecipou um quadro de volatilidade que de alguma forma só era esperado  ocorrer no segundo semestre, em função das eleições presidenciais.

 

Cenário Externo

No debate sobre o cenário externo, os economistas avaliaram que a economia mundial apresenta regiões com trajetórias distintas do nível de atividade. Os Estados Unidos apresentam o cenário mais construtivo, com crescimento sustentado, melhora do mercado de trabalho e inflação ao redor da meta. As casas estrangeiras do Comitê mantêm quatro aumentos dos juros para este ano, ratificando um cenário menos favorável para os emergentes, com desvalorização das moedas domésticas, juros mais altos e menor liquidez no mercado internacional.  Quanto à Europa, a taxa de crescimento da região foi aquém do esperado, o que deve reforçar o ritmo de gradual do Banco Central Europeu no processo de normalização da política monetária.

Projecoes PTAX em 31122018.png

Em relação à taxa de câmbio, o Comitê elevou a mediana da projeção para o final do ano de R$ 3,50 para R$ 3,63 que corresponderia a uma desvalorização de 9,58%% da moeda doméstica em 2018. O intervalo entre R$ 3,55 e R$ 4,00 concentrou 65% das apostas, enquanto 30% das estimativas restantes situaram-se entre R$ 3,25 e R$ 3,55. Vale atentar que na reunião de maio este intervalo representava 67% das projeções.  A mínima e a máxima registradas foram de R$3,00 e R$3,75.  

Para o Comitê, a desvalorização do Real nas últimas semanas reflete não apenas a nova conjuntura externa como a piora na percepção de risco dos investidores em relação ao quadro econômico doméstico. Foi lembrada, entretanto, que a recente trajetória da taxa de câmbio não reflete integralmente os fundamentos , diante do elevado nível de reservas internacionais e do financiamento confortável  do déficit de conta corrente pelos investimentos estrangeiros diretos. Porém, caso a trajetória atual da taxa de câmbio se mantenha, a avaliação do Comitê é de que a atuação do Banco Central através dos swaps cambiais poderá mitigar, mas não reverter a tendencia de desvalorização da moeda doméstica.  

 

Atividade Econômica  

Para o Comitê, o maior impacto da greve dos caminhoneiros foi através do canal de confiança dos agentes econômicos, o que deve se refletir de forma mais imediata na retração do crédito para a economia. Em relação à reunião de maio,  a previsão do PIB foi revisada de 2,4% para 1,60%. A máxima e mínima registradas situaram-se entre 1,0% e 2,7%, indicando as incertezas quanto à capacidade de recuperação neste ano.

Alguns economistas ressaltaram que alguns segmentos não voltaram ao nível que estavam antes da greve, como o consumo de energia elétrica e que o início de recuperação de outros setores , sobretudo a construção civil, deverão ser abortados. A indústria deverá ser o setor mais atingido diretamento pelo evento. Este quadro deverá também  impactar o mercado de trabalho. O Comitê elevou a taxa de desemprego para o final deste ano de 12,00% para 12,20%.

Evolucao das projecoes do PIB para 2018 ___.png

A piora das condições financeiras (alta dos juros, impacto no crédito, queda das bolsas de valores )  reduz a possibilidade de uma recuperação mais sustentada da economia. A liberação dos recursos do PIS/PASEP poderá contribuir para a continuidade do processo de desalavancagem das pessoas físicas e para o aumento do consumo, como ocorreu com as contas inativas do FGTS,  porém,  diante do atual nível de incerteza não é possível mensurar o impacto desta medida.

Em relação à reunião de maio, a mediana da projeção do PIB para o segundo trimestre foi revisada de 0,90% para 0,05%, confirmando a percepção de piora expressiva da economia pelo Comitê. O ritmo de recuperação da economia no segundo semestre também indicou redução, de 0,90% para 0,70% no terceiro trimestre e de 0,80% para 0,60% no quarto trimestre.

Projecoes do PIB trimestral para 2018 ___.png