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Relatório Macro

Comitê reduz projeção de crescimento do PIB para 2018

Na última reunião do Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da ANBIMA, realizada em 27 de julho de 2018, a mediana apurada da taxa Selic manteve-se em 6,5% até o final do ano. A mínima e a máxima previstas permanecem entre 6,50% e 8,50%,  mostrando que alguns participantes enxergam riscos com o cenário de inflação pós eleição.

Para eles, os maiores riscos do quadro inflacionário provém das incertezas em relação às eleições e às mudanças do cenário externo que vem sendo desfavoráveis aos países emergentes. Caso a agenda de reformas, sobretudo a previdenciária, não avancem no próximo governo, a perspectiva de piora do quadro fiscal poderia tornar as expectativas de inflação de médio e longo desancoradas. 

Na avaliação do Comitê, a economia brasileira continua apresentando um  baixo dinamismo, grande ociosidade e com poucos fatores indutores para uma recuperação no curto prazo. As estimativas reforçam um viés de baixa. A melhora gradual da construção civil e do mercado de trabalho não mostrou continuidade e fez ajustar para baixo a previsão de crescimento para este ano. A mediana da projeção do PIB foi revisada de 1,60% para 1,50% em relação à reunião de junho.

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Política Monetária

Em relação à política monetária, a mediana apurada da taxa Selic manteve-se em 6,5% até o final do ano, o mesmo resultado da reunião anterior.  A mínima e a máxima previstas também permaneceram entre 6,50% e 8,50%, refletindo que existem no grupo  diferentes percepções diferentes quanto à trajetória dos juros para o restante do ano. 

Grafico_1.png

A mediana da projeção para o IPCA de 2018 aumentou de 3,9% para 4,0% em relação à reunião de junho. Houve uma mudança na distribuição das projeções. Enquanto as estimativas entre 3,5% e 4,0% representaram 30% das apostas contra 73% em junho, a maior parte das projeções situaram-se entre 4,0% e 4,5%, correspondendo a 70% das previsões contra 18% da reunião anterior. A mínima e a máxima previstas para este ano foram de 3,5% e 4,5%, respectivamente. 

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Para os analistas, os efeitos do choque de oferta decorrente da greve dos caminhoneiros no final de maio contribuíram para um aumento pontual das expectativas de inflação para este ano, mas não deve representar uma tendência de alta dos preços nos próximos meses em função do alto nível de ociosidade da economia brasileira. O mesmo raciocínio se aplica para os efeitos da desvalorização da moeda doméstica, já que o baixo dinamismo do nível de atividade compromete  o canal de transmissão da taxa de câmbio para os preços.

Para o Comitê , os maiores riscos do quadro inflacionário provém das incertezas em relação às eleições e às mudanças do cenário externo que vem sendo desfavoráveis aos países emergentes.

Alguns economistas ressaltaram que caso a agenda de reformas, sobretudo a previdenciária, não avancem no próximo governo, a perspectiva de piora do quadro fiscal poderia tornar as expectativas de inflação de médio e longo desancoradas , incorrendo em aumento dos prêmios de risco  dos títulos do governo. Este argumento explica as estimativas que prevêem aumento da meta da taxa Selic ainda este ano, a partir da primeira reunião do Copom pós eleição , no final de outubro.

A avaliação do Comitê é  que, após  a redução da volatilidade no mercado em julho,  resultado da mitigação dos efeitos adversos da greve dos caminhoneiros e do ambiente de maior estabilidade  no cenário externo, os próximos meses deverão tornar o cenário mais volátil, sobretudo pela proximidade das eleições e da retomada no ritmo de normalização das políticas expansionistas no exterior.

Cenário Externo

No debate sobre o cenário externo, a despeito da menor pressão da política monetária norte-americana no mercado financeiro em julho, os economistas mantiveram a avaliação de um ambiente desfavorável aos mercados emergentes, com o consenso apontando que o FED promoverá três aumentos nas taxas de juros este ano e mais quatro aumentos no ano que vem.  A reversão da política expansionista do FED, mesmo ocorrendo em ritmo gradual, vem reduzindo os fluxos de recursos para o mercado e impactando os preços dos ativos.  Os resultados do nível de atividade e inflação, com eventuais desvios de rota, corroboram com esta estratégia.  

Porém, entre os economistas, há dúvidas se o acirramento da guerra comercial promovida pelo Governo norte-americano obrigará o FED a promover uma pausa no ciclo de aumentos de juros em função de um impacto negativo na atividade econômica. Alguns economistas lembraram que este impacto inicial pode ser ao contrário, com redução de importação e aumento da produção doméstica de forma compensatória. A dúvida é se a produtividade acompanharia este processo ao longo do tempo para que não impactasse os preços. Além disso, foi ressaltado que outras regiões seriam mais sensíveis a esta restrição do comércio mundial, sobretudo os países da Ásia e Europa. 

Em relação à taxa de câmbio, o Comitê aumentou a mediana da projeção de R$ 3,63 para R$ 3,68 para o final do ano, correspondendo à uma desvalorização de 11,1%% da moeda doméstica em 2018. O intervalo entre R$ 3,55 e R$ 4,00 concentrou 75% das apostas, enquanto 20% das estimativas estiveram entre R$ 3,25 e R$ 3,55 e 5% entre R$ 3,00 e R$ 3,25. A mínima e a máxima registradas foram de R$3,20 e R$3,90.  

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Para o Comitê, a trajetória da taxa de câmbio para os próximos meses estará mais correlacionada às incertezas do quadro eleitoral do que o diferencial de juros domésticos e externos, o que provavelmente trará mais volatilidade à esta variável. Por fim, foi lembrado que a despeito das preocupações com as eleições e o ambiente no exterior, o financiamento das contas externas ocorre em condições bastante favoráveis. Nos últimos meses o fluxo de divisas para portólio no país mantém-se positivo, sobretudo capital de curto prazo.  Vale lembrar que nestes períodos, também há uma procura por ativos denominados em dólar para busca de proteção cambial (hedge) para aqueles que tem passivo em moeda estrangeira.

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Atividade Econômica  

Na avaliação do Comitê,  a economia brasileira continua apresentando um  baixo dinamismo, grande ociosidade e com poucos fatores indutores para uma recuperação no curto prazo. As estimativas reforçam um viés de baixa. A melhora  gradual da construção civil e do mercado de trabalho não mostrou continuidade e fez ajustar para baixo a previsão de crescimento para este ano. A mediana da projeção do PIB foi revisada de 1,60% para 1,50% em relação à reunião de junho, com a máxima e mínima registradas situando-se entre 1,2% e 2,0%.

A fraca trajetória do mercado de trabalho -  só o segmento informal mostrou recuperação – vem frustrando os economistas que esperavam um avanço gradual nos empregos formais , sobretudo do setor de serviços que vem sendo o mais dinâmico da economia.  O Comitê manteve a taxa de desemprego para o final deste ano em 12,20%.

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Existem dúvidas no Comitê quanto aos efeitos da liberação dos recursos do PIS/PASEP na economia. Para alguns analistas,  este impacto seria relevante pois encontraria parte das pessoas físicas menos alavancadas em relação ao ano passado,  na ocasião haviam sido liberados os recursos das contas inativas do FGTS, o que potencialmente direcionaria agora este montante para o consumo. Outros analistas acreditam que estes  impactos seriam limitados decorrentes do perfil dos beneficiários, pessoas mais idosas, geralmente aposentadas , e com menor acesso à informação.

Em relação às previsões de julho, a mediana da projeção do PIB para o segundo trimestre foi revisada de 0,05% para 0,10%, confirmando a percepção de fraca performance do nível de atividade. Da mesma forma que na reunião anterior, o ritmo de recuperação da economia no segundo semestre continuou mostrando redução no ritmo de crescimento, de 0,70% para 0,60% no terceiro trimestre e de 0,60% para 0,50% no quarto trimestre.

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