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Risco ambiental deve ganhar mais relevância com a queda nos juros

De que forma a esperada queda dos juros brasileiros e os riscos de mudança climática estão relacionados? À primeira vista, pode parecer que não há ligação entre os dois aspectos. Mas gestores de recursos consideram que a redução das taxas deve fazer com que o risco socioambiental e de mudanças climáticas se torne mais relevante na precificação (“valuation”) das empresas. Os impactos das alterações do clima sobre a matriz de risco das companhias e a necessidade de divulgação e transparência dessas informações foram debatidos nesta quinta-feira no 9º Congresso ANBIMA de Fundos de Investimento, que acontece em São Paulo.

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“Com a queda dos juros, será necessário correr mais riscos para fazer bons investimentos. Nesse contexto, a inclusão do risco ambiental nas análises de investimento deve fazer parte da visão estratégica dos gestores”, afirmou Denise Pavarina, diretora do Bradesco e da Bradesco Asset Management.

Roberto Reis, responsável pela equipe de Fundos de Renda Variável da Santander Asset Management, também espera que a queda nas taxas torne o risco ambiental e climático mais palpável e visível. Nos fundos de ações que utilizam critérios de responsabilidade socioambiental e de governança corporativa (conhecidos como ASG), a Santander Asset faz um ranking com as práticas das empresas. Aquelas que recebem as notas mais baixas são penalizadas com um corte de 10% no preço justo estimado para a companhia. As melhores posicionadas recebem um prêmio de 5%. Mas hoje, diz Reis, esse impacto costuma ser diluído por conta dos altos juros.

Scott Piper, gestor da Itaú USA Asset Management, disse que os investidores que mais demandam fundos de ações brasileiras com critérios ASG são os estrangeiros, uma vez que estes costumam ter horizonte de longo prazo, enquanto os brasileiros demandam aplicações de curto prazo por conta dos juros ainda altos. Para ele, os gestores devem pressionar por melhoras nas práticas socioambientais e de divulgação de riscos por parte das companhias. Caso contrário, terão um universo menor de ações para aplicar, pois os investidores demandam mais transparência e responsabilidade corporativa.

De fato, há um movimento em prol da transparência e da divulgação de informações relacionadas ao risco ambiental, e ele pode ser constatado pela criação da TCFD (Task Force on Climate-related Financial Disclosures) – uma força-tarefa criada em dezembro de 2015 pelo FSB (Financial Stability Board) para estabelecer recomendações sobre a divulgação de informações relacionadas ao clima, com o objetivo de contribuir para a tomada de decisões de investimento e nas áreas de crédito, seguros e subscrições.

Outra meta da força-tarefa é melhorar a compreensão sobre a exposição do setor financeiro aos riscos climáticos. “O risco de mudanças climáticas é real e já está presente hoje. Precisamos engajar a alta gestão das companhias a discuti-lo e a divulgá-lo”, afirmou Curtis Ravenel, membro da TCFD. Para os gestores de recursos de terceiros e investidores com carteira própria (como fundos de pensão), a recomendação da força tarefa é que forneçam informações sobre emissões de gases do efeito estufa, quando possível, de cada fundo, produto ou estratégia de investimento.

Ravenel disse que a transparência e a divulgação de informações sobre os impactos que a mudança climática podem causar nos negócios são um desafio para emissores, investidores, seguradoras e reguladores. Para os primeiros, a dificuldade é cumprir os requisitos legais de relatar os riscos materiais, num ambiente de incerteza sobre a magnitude e o prazo em que eventos climáticos extremos possam ocorrer. Já os investidores e as seguradoras encontram dificuldade de contar com dados relevantes para embasar a tomada de decisão. E os reguladores precisam mapear de que forma os riscos climáticos e ambientais podem impactar a saúde do sistema financeiro.

“As empresas devem colocar os riscos de forma clara, e devem estar conscientes de que não falar sobre o assunto é uma forma de se posicionar”, afirmou Guilherme Setubal, responsável pela área de Relações com Investidores, Risco e Controles Internos da Duratex. No ano passado, a companhia revisou a sua estratégia de sustentabilidade e inseriu a questão da mudança climática nas suas metas. Após a revisão, estabeleceu e divulgou ao mercado 45 metas, sendo nove relacionadas ao clima, tal como a redução das emissões absolutas de gases do efeito estufa da empresa em 25%.

As questões climáticas são discutidas no comitê de sustentabilidade da Duratex e também foram incorporadas ao comitê de risco. A empresa também costuma tentar quantificar as implicações que eventos climáticos (como a falta d’água para os processos produtivos ou o aumento do preço de energia decorrente de uma seca) teriam sobre o desempenho econômico. Também avalia o impacto financeiro de mudanças regulatórias, como a introdução de uma taxação de emissões de gás carbônico.

Setubal afirmou que, apesar de a companhia mitigar os riscos, algumas estimativas de impacto financeiro são de difícil quantificação – há incerteza acerca da magnitude que os eventos climáticos podem ter, por exemplo. Mas ele diz que o sinal dado ao mercado é de que a companhia está atenta aos riscos de eventos climáticos e é ativa em relação à questão.

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