<iframesrc=" ns.html?id="GTM-MZDVZ6&quot;" height="0" width="0" style="display:none;visibility:hidden"> Perspectiva de crescimento em 2024 – ANBIMA

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2024#12 Títulos sustentáveis: crescimento e amadurecimento
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#12 Títulos sustentáveis: crescimento e amadurecimento

Perspectiva de crescimento em 2024

Download para o estudo Sustainable Bond Issuance To Approach $1 Trillion In 2024Depois de registrar um boom em 2021, o mercado de títulos de dívida sustentáveis deverá manter este ano a perspectiva de crescimento, porém, em bases mais maduras. Isso inclui tanto os green bonds, que hoje predominam nas emissões desses ativos, quanto as demais modalidades – conheça as definições no intertítulo a seguir. 

Estudos recentes divulgados pela S&P Global Ratings e pela Climate Bonds Initiative sugerem que as incertezas macroeconômicas que influenciam os movimentos de mercado tendem a ser compensadas com maior transparência, crescimento em mercados emergentes e demanda superior por projetos de transição ambiental e econômica. Em 2023, as emissões globais desses títulos somaram US$ 980 milhões, um crescimento de 5% em relação ao ano anterior.

Apesar dos fatores de incerteza na economia global, o levantamento da S&P Global Ratings avalia que as emissões de títulos sustentáveis podem somar até US$ 1,05 trilhão neste ano, o que significaria um crescimento de 7% em relação a 2023. 

Conheça os títulos de dívida sustentáveis

• Green bond: também conhecido como "título verde", é uma modalidade na qual os recursos captados são destinados para o financiamento ou refinanciamento de projetos que geram impacto ambiental positivo.

• Social bond: título que destina os recursos captados a financiamento ou refinanciamento de projetos que geram impacto social positivo.

• Sustainability bond: destina os recursos captados na oferta a financiamento ou refinanciamento de projetos que geram impacto sustentável positivo, combinando benefícios ambientais e sociais.

• SLB (Sustainability-linked bond): formato de título sustentável em que o emissor se compromete a alcançar uma ou mais metas ESG previamente definidas e detalhadas no momento da emissão do título. As suas características financeiras e/ou estruturais podem ser alteradas em decorrência do cumprimento ou descumprimento da(s) meta(s). O uso dos recursos não é carimbado, ou seja, necessariamente destinado a projetos relacionados à sustentabilidade. Por essa razão, o título é vinculado a metas sustentáveis.

• Transition bond: títulos vinculados a obrigações adicionais associadas à agenda climática e têm relação com a estratégia de descarbonização do emissor.

• Blue bond: títulos vinculados a categorias de projetos especificamente relacionadas à gestão de água e proteção dos oceanos, conforme a diretriz divulgada pelo IFC (International Finance Corporation) denominada “Guidelines for Blue Finance” .

Ativos em destaque

Entre os títulos sustentáveis, os green bonds deverão continuar dominando o mercado, como resultado do aumento da demanda para projetos ambientais em diversas regiões, segundo a S&P Global Ratings. Outras modalidades, como blue bonds e os transition bonds, também devem ganhar força este ano. 


Embora o volume de emissões tenha sido estável em 2023 na comparação com o ano anterior, foram observadas mudanças significativas no perfil e na localização dos emissores. Os Estados Unidos registraram queda pelo segundo ano consecutivo. Segundo o levantamento, as emissões da América do Norte e da União Europeia registraram os mais baixos níveis dos últimos cinco anos (57%). Contudo, regiões de menor renda se destacam pelo rápido crescimento: América Latina (56%) e o Oriente Médio (149%). Países de alto rendimento do eixo Ásia-Pacífico, da América Latina e do Oriente Médio podem, então, ampliar suas taxas de emissões o que facilita o acesso aos GSSSBs a emitentes com rendimentos mais baixos.

De acordo com o levantamento, à medida que esse segmento do mercado amadurecer, a trajetória de crescimento tende a se estabilizar. Dessa forma, as emissões de títulos de dívida sustentáveis deverão refletir mais de perto o que é hoje o mercado de títulos de dívida como um todo.

A análise levou em consideração números relacionados a emissões de empresas não financeiras, serviços financeiros e setores financeiros públicos dos EUA e internacionais. Diversos fatores poderão favorecer o crescimento da emissão de títulos sustentáveis, tais como maior adoção de taxonomias sustentáveis ​​e iniciativas de transparência, crescimento das emissões dos mercados emergentes e os esforços para acelerar a transição energética. 

Por outro lado, determinados aspectos macroeconômicos poderão criar incertezas quando associados a elevadas taxas de juros e a uma desaceleração de economias em regiões-chaves, como Europa e a Ásia-Pacífico.

Perspectivas para os SLBs

Download do estudo SUSTAINABILITY LINKED BONDS: Building a HighQuality Market Outra modalidade de títulos que merece atenção são os SLBs. No final de março, a Climate Bonds Initiative divulgou o seu primeiro relatório completo sobre SLBs

Em linhas gerais, o trabalho revela apenas 14% desses títulos estão alinhados com os critérios da metodologia SLBDB (SLB Database), lançada este ano pela Climate Bonds. 

Os critérios da metodologia buscam avaliar o alinhamento dos SLBs às metas do Acordo de Paris. O levantamento identifica uma relação clara entre a qualidade dos SLBs e a transparência da divulgação dos dados ambientais das organizações emissoras. As 50 principais organizações analisadas pelos critérios da SLBDB alcançaram uma pontuação média de 17,4 de um total possível de 35. Os emissores da América Latina alcançaram a maior média, com 18,65 pontos, seguidos dos europeus, com 18,56 pontos. 

O levantamento leva em conta uma série de indicadores para demonstrar a qualidade dos dados, entre eles a aderência ao Acordo de Paris, inclusão do escopo 3, entre outros – ou seja, quanto mais próximo de 35, mais alinhado ao Acordo de Paris.

De acordo com o levantamento, a média ponderada (por montante emitido) de 17,9 pontos indica que os emissores de maior dimensão têm uma probabilidade ligeiramente elevada de obterem pontuações mais altas. No geral, a Climate Bonds avalia que os resultados são respeitáveis, e refletem boa qualidade da divulgação dos planos de transição dos maiores emissores de SLBs.

O levantamento concluiu que as metas dos emissores relacionadas a emissões de GEE (gases de efeito estufa) muitas vezes não cobrem todos os âmbitos materiais e nem sempre são suficientemente ambiciosos, ou seja, não estão devidamente alinhadas com as metas baseadas na ciência. Em outras palavras, isso significa o atendimento de padrões que a ciência climática indica como necessários para o cumprimento da meta do Acordo de Paris – limitar o aquecimento global a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais e chegar às emissões líquidas zero antes de 2050.​

O estudo também faz recomendações de boas práticas que busquem o alinhamento dos SLBs à metodologia SLBDB e que propiciem o desenvolvimento de um mercado credível de SLBs. No caso das metas sobre redução de emissões, o trabalho sugere o alinhamento a critérios relevantes baseados na ciência, de forma que sejam viáveis e ambiciosas.

SLBs predominam da América Latina

Em 2023, os SLBs representaram 30% dos títulos emitidos na América Latina, o que equivale a um volume financeiro de US$ 16,5 bilhões. Os emissores mexicanos representam quase metade das operações realizadas, mas o Chile detém maior volume financeiro. 

A perspectiva é de que os títulos de dívida sustentáveis continuem a aumentar sua participação no mercado de títulos de dívida como um todo na região. Isso se deve aos esforços locais para acelerar a transição energética e atender às necessidades de desenvolvimento socioeconômico.

Em 2023, esses ativos representaram 28% das emissões, e a projeção da S&P Global Ratings é de que chegue a 30% ainda em 2024. Em termos de volume financeiro, as emissões de títulos sustentáveis somaram US$ 55 bilhões no ano passado, quebrando o recorde anterior, de US$ 51 bilhões em 2021. 

As eleições presidenciais deste ano no México poderão reduzir o apetite ao risco dos investidores, bem como a emissão de obrigações locais no país. Na avaliação do estudo, isso pode limitar o potencial de crescimento nominal do mercado regional, uma vez que o México representa cerca de um terço das emissões de títulos sustentáveis da América Latina. 

As restrições de acesso aos mercados globais podem ser outro fator de incerteza, caso persistam. No entanto, as emissões em moeda local foram a principal razão para a forte emissão em 2023, representando 52% do total das emissões de títulos sustentáveis na América Latina. 

expectativa, portanto, é de que as emissões soberanas continuem a liderar as operações na região, em virtude de novos emitentes de obrigações sustentáveis, como o Brasil no ano passado. 

A S&P Global Ratings avalia que poderá haver um avanço crescente de bancos voltados para a estruturação de financiamentos associados à sustentabilidade. Ao mesmo tempo, empresas poderão se beneficiar do ciclo de flexibilização monetária da maioria dos países da região.

Guia ANBIMA de Títulos ESG

Para orientar instituições financeiras diante dessa diversidade de possibilidades, a ANBIMA lançou no final de 2022 o Guia para Ofertas de Títulos Sustentáveis. A publicação orienta o mercado de capitais na utilização de melhores práticas para emissão e oferta pública de títulos de renda fixa relacionados a finanças sustentáveis. As diretrizes foram elaboradas com base nos princípios divulgados pela ICMA (Associação Internacional do Mercado de Capitais), considerando particularidades do mercado brasileiro, e conta com uma versão em inglês.