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2024#11 Inovações financeiras para o clima saem do papel
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2024

#11 Inovações financeiras para o clima saem do papel

Entrevistas: Alán Gomez, do Gfanz, e Cacá Takahashi, da ANBIMA

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O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou o lançamento do capítulo brasileiro do Gfanz (Glasgow Financial Alliance for Net-Zero), uma aliança internacional que reúne instituições financeiras comprometidas com a descarbonização da economia. O objetivo é desenvolver uma plataforma que viabilize captação de recursos para projetos de descarbonização no Brasil.

Para entender o impacto da novidade, conversamos com Cacá Takahashi, nosso vice-presidente e coordenador da Rede ANBIMA de Sustentabilidade, e com Alán Gomez, diretor-executivo da Rede Regional Gfanz para América Latina e Caribe. Confira:

Cacá Takahashi, ANBIMA

O que a ANBIMA espera do Gfanz no Brasil?

Cacá Takahashi: acreditamos que a atuação do Gfanz por aqui será de grande relevância para fomentar o avanço da agenda climática no mercado financeiro nacional. 

O lançamento de um capítulo brasileiro demonstra a importância do país na agenda climática e a oportunidade de sermos protagonistas na transição justa para uma economia de baixo carbono.

A iniciativa tem muita conexão com a nossa atuação na Rede ANBIMA de Sustentabilidade. No pilar de atuação sobre mudança do clima e biodiversidade, nosso foco é justamente capacitação dos profissionais com o desenvolvimento de guias e ferramentas que ajudem na identificação e gestão de riscos e oportunidades climáticos, apoiando o mercado de capitais na transição para uma economia de baixo carbono.

Por que criar um capítulo específico para o Brasil no Gfanz?

Alán Gomez: A Gfanz é a maior coalizão voluntária de finanças climáticas mundial, fornecendo ao setor financeiro uma série de frameworks e soluções técnicas e voluntárias para levar as instituições da ambição à implementação para apoiar a transição completa da economia para net zero. Juntando alianças independentes de setores financeiros, a Gfanz representa o engajamento de 40% do financiamento privado global em 50 jurisdições.

Alán Gomez, do Gfanz

Isso inclui mais de 675 instituições que, independentemente, se comprometeram em ter emissões net-zero até 2050, e definir metas intermediárias baseadas em ciência para 2025 e 2030.

Para ajudar a garantir que a transição seja efetiva global e localmente, a Gfanz lançou o Capítulo Brasil em fevereiro de 2024, a fim de trazer uma ampla gama de perspectivas e expertise. A Gfanz planeja alavancar seu conhecimento em financiamento de transição e mobilização de investimento privado para transição. O lançamento do Capítulo Brasil segue o lançamento da Rede Regional Gfanz para América Latina & Caribe (LAC), feita em outubro de 2023.

Como presidente do G20 neste ano e com a conferência climática COP30 da ONU em 2025, o Brasil tem uma oportunidade histórica para mostrar ao mundo que o combate às mudanças climáticas, o crescimento da economia e a disseminação de prosperidade estão interconectados. O perfil de emissões de gases de efeito estufa do Brasil se destaca significativamente da média global. Fontes renováveis representam 45% da demanda primária de energia e perto de 90% da fonte de eletricidade do país. É um dos setores elétricos com menor intensidade de carbono no mundo.

Desmatamento e mudanças no uso do solo representam cerca de metade das emissões do Brasil, e sua economia inclui uma concentração importante da indústria global, sendo um dos 10 maiores produtores de cimento, minério de ferro, aço e alumínio.

Ademais, o Brasil está comprometido a descarbonizar esses setores de alta emissão de carbono junto ao setor de transportes. O país tem a chance de estar unicamente posicionado com o aumento da demanda global por hidrogênio verde e por produtos de baixo carbono; em outras palavras, o Brasil pode mostrar para o mundo como reduzir emissões enquanto gera empregos e prosperidade.
 

O capítulo brasileiro reunirá atores financeiros internacionais e locais para aumentar a conscientização, a ambição e a colaboração em questões de financiamento climático particularmente relevantes para o ecossistema financeiro do país. Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda do Brasil e atual vice-presidente do Conselho Consultivo da Rede Regional Gfanz LAC, atuará como presidente do Grupo Consultivo do Capítulo Brasil, um grupo de líderes e especialistas do setor, e fornecerá direcionamentos estratégicos e expertise ao Capítulo.

Denise Pavarina, conselheira independente do Banco Bradesco, ex-presidente da ANBIMA e ex-vice-presidente do TCFD, irá assessorar o Capítulo Brasil. Essas lideranças serão apoiadas por um Diretor de Capítulo do Secretariado Gfanz no país, trabalhando com a Rede Regional Gfanz LAC e com o Secretariado Global.

Quais resultados são esperados com essa iniciativa no país?

Alán Gomez: A Gfanz está apoiando o Brasil em suas atualizadas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) e em suas ambições climáticas, especificamente em sua meta de reduzir emissões em 50% até 2030, com potencial para se tornar a primeira nação do G20 a atingir emissões net zero, ao mesmo tempo em que cria empregos e dissemina a prosperidade. Isto inclui metas ambiciosas para a descarbonização industrial, energias renováveis, transportes sustentáveis, hidrogénio verde, bioeconomia e restauração de ecossistemas.

O importante no Brasil e no mundo é ajudar a ampliar investimentos para transição em toda a economia. Para isso, o Capítulo Brasil apoia o avanço dos ambiciosos planos de descarbonização do Brasil por meio do engajamento com instituições financeiras, capacitação, pesquisa, análise e políticas públicas. Também no Brasil, o BNDES e a Gfanz, em parceria, concordaram em desenvolver uma plataforma para avançar na ambiciosa agenda de crescimento verde do Brasil, conforme estabelecido no Plano de Transformação Ecológica  e outros planos setoriais que estão sendo desenvolvidos pelo governo.