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2019

28ª edição

FSB analisa mudanças na estrutura do mercado associadas às novas tecnologias

Mercados SecundáriosTecnologia e High-frequency Trading

Uma das quatro áreas priorizadas no plano de trabalho do FSB para 2019 é a identificação de fragilidades no sistema financeiro, novas e emergentes, incluindo aquelas que podem derivar da evolução de novas estruturas de mercado e de inovações tecnológicas. A esse respeito, a entidade publicou no primeiro trimestre do ano um relatório em que identifica os desenvolvimentos recentes das Fintechs e potenciais desdobramentos sobre a estabilidade financeira. 

Utilizando uma perspectiva distinta da usual, o documento analisa o impacto de novas tecnologias sob a ótica das mudanças provocadas na estrutura do mercado de serviços financeiros. Para fins da análise, os elementos-chave considerados incluem o grau de concentração, as características dos participantes (composição) e o impacto de potenciais entrantes sobre a competição (contestabilidade). Com essa ênfase, o estudo do FSB aponta fatores propulsores dessas mudanças ligados às inovações e, nesse contexto, identifica os avanços e riscos associados aos novos entrantes. 

Quanto às Fintechs - “soluções tecnológicas inovadoras em serviços financeiros que resultaram em novos modelos de negócios, aplicações, processos ou produtos” – o documento associa sua atuação a ganhos em eficiência e redução de custos, inclusive pela não utilização de sistemas legados, mas também a resiliência e escala reduzidas. 

A respeito delas, o FSB observa a crescente evolução por meio de parcerias e relações de complementaridade com as instituições tradicionais, agregando capitalização e escalabilidade para os negócios das primeiras e acesso a novas tecnologias e competitividade para as últimas. Exceções observadas referem-se a inovações específicas em pagamentos e provisão de crédito, em que estabeleceram um fatiamento eficiente e rentável de serviços – podendo impactar a lucratividade de instituições tradicionais nesses setores, no futuro.

O relatório também detalha o avanço das chamadas BigTechs, grandes companhias do setor de tecnologia que vem expandindo a oferta de serviços para o segmento financeiro. O texto destaca que essas empresas já contam com base e redes de clientes bem estabelecidas e podem oferecer serviços a baixo custo tendo como contrapartida o acesso a informações, em áreas como pagamento, crédito, seguros e gestão de recursos. Também apresentam capacidade de financiamento e capitalização, de identificar preferências dos consumidores, oferecer serviços cruzados e experiência com redes de comunicação e uso de dados, podendo muito rapidamente ganhar escala e participação no segmento.

As tendências mapeadas junto às principais BigTechs incluem a parceria na distribuição de produtos nas áreas de pagamentos, empréstimos e seguros com aproveitamento de redes  e escala já estabelecidas, a estruturação de plataformas que ofertam um grande leque de serviços, com instituições parceiras ou outras Techs, e que podem estar conectados a negócios em outros setores, e a utilização de informações sobre os clientes para assegurar a customização de serviços ou outras vantagens competitivas. Ademais, tem facilidade de acessar de forma ágil recursos como big data, artificial inteligence e machine learning. 

De outro lado, o documento do FSB pondera que a atuação das Big Techs pode não levar a um aumento da concorrência no segmento e, com isso, suscitar fragilidades e riscos sistêmicos. De fato, alguns exemplos citados no estudo já ilustram tais situações, como é o caso da fatia de 94% do mercado chinês de pagamentos em dispositivos móveis representada pela Alipay e Tenpay, em conjunto, ou pelos ativos na casa de US$ 237 bilhões dos 170 milhões de investidores do Yu’e Bao, o maior Money Market Fund em operação em junho de 2018, ofertado por meio da Alipay, uma entre várias instituições não bancárias de pagamento da China.

O FSB também ressalta a crescente recorrência a terceiros provedores de serviços relevantes – como, por exemplo, para fornecimento de dados, conectividade e serviços em nuvem, cuja representatividade para as instituições tradicionais vem aumentando, trazendo ganhos relevantes de escala e capacidade, por um lado, e riscos potenciais de concentração, operacionais e ligados à cibersegurança, por outro. 

O texto do FSB também identifica e analisa os fatores recentes ligados à inovação que podem ser considerados propulsores dessas mudanças de estrutura, entre aqueles relacionados às novas tecnologias propriamente ditas, à regulação e às mudanças nas expectativas dos consumidores. No primeiro caso, é analisado o crescimento vertiginoso na utilização de APIs na oferta de serviços bancários por meio de dispositivos móveis e da computação em nuvem.

Já os fatores regulatórios referem-se à conformação das regras em mercados locais relacionadas à autorização de instituições (que vem favorecendo a cooperação com autoridades de concorrência); à proteção de dados (que deve, ademais, considerar padrões internacionais) e ao estímulo à competição. Nesse último caso, o principal exemplo analisado é o desenvolvimento de arquiteturas de open banking. No Brasil, o Banco Central já iniciou a discussão a esse respeito com o mercado – o assunto integra a pauta do Grupo Consultivo de Inovação da ANBIMA.