<img height="1" width="1" style="display:none" src="https://www.facebook.com/tr?id=1498912473470739&amp;ev=PageView&amp;noscript=1">
  • Empresas fiscalizadas.
  • Trabalhe Conosco.
  • Imprensa.
  • Fale Conosco.
    Português Português (BR)

Relatório Macro

Política monetária: Grupo Consultivo Macroeconômico projeta taxa Selic em 4,25% para junho

Política monetária: Grupo Consultivo Macroeconômico projeta taxa Selic em 4,25% para junho

O debate do Grupo Consultivo Macroeconômico sobre política monetária ressaltou a piora do cenário de inflação, sobretudo após a surpresa negativa do IPCA de maio, e, diante desse quadro, discutiu se o BC manterá a indicação de “ajuste parcial” para o processo de normalização dos juros, iniciado em março. Para a reunião do Copom de junho, houve consenso de que será mantido o ritmo de 0,75 p.p. de aumento na taxa Selic, que passaria para o patamar de 4,25%.

A mediana da projeção da taxa Selic para o final deste ano foi revista de 5,5% para 6,5% em relação à reunião de abril. Para as quatro reuniões seguintes, estão previstos mais um aumento de 0,75 p.p. e três de 0,50 p.p., encerrando o ano em 6,5%. A mínima e a máxima da Selic previstas para dezembro pelo Grupo Macro situaram-se em 5% e 6,5%, respectivamente, indicando que não há consenso entre os analistas quanto ao ritmo de aumento dos juros para este ano.Taxa Selic.png

Diante da maior possibilidade de os efeitos inflacionários se propagarem na economia, a maioria dos analistas do grupo acredita que o BC deverá retirar o termo “ajuste parcial” da comunicação com o mercado após a reunião de junho. Para eles, a indicação de que a Autoridade Monetária irá buscar a convergência das expectativas para o centro da meta do próximo não requer que o BC adote uma política monetária mais restritiva de imediato – ainda há ociosidade razoável na economia –, mas fortalece o processo de ancoragem das expectativas inflacionárias de médio e longo prazo. Todos reconheceram que, com juros mais altos e taxa de câmbio mais apreciada, a meta inflacionária de 3,5% para 2022 se torna mais factível (a previsão do IPCA do Grupo Macro para o próximo ano é de 3,7%).

Há dentro do grupo uma preocupação sobre a dinâmica da inflação, sobretudo em um cenário de recuperação econômica. Dentre os principais fatores mencionados para o quadro atual, destacam-se o patamar elevado dos preços externos das commodities agrícolas e minerais, que pressiona os preços dos alimentos no mercado doméstico, além dos desajustes de demanda e oferta de produtos, efeito típico de um processo de reabertura econômica.

Muitos economistas apontaram riscos inflacionários relevantes para os próximos meses, tais como a pressão nos índices de preços do atacado, que se mantêm pressionados, o que pode originar novos repasses para o varejo. Além disso, o segmento de serviços ainda não se normalizou, tornando-se uma fonte potencial de aumentos de preços ao longo do processo de reabertura da economia. Por fim, a possibilidade de uma crise hídrica deverá manter a tarifa da energia elétrica em bandeira vermelha para o restante do ano.

Em contrapartida, foi lembrado que o segmento de serviços tem forte correlação com o mercado de trabalho e que, apesar deste estar reagindo com a melhora da atividade, ainda se mantém com baixo dinamismo, o que, em tese, mitigaria esses riscos de disseminação da inflação no curto prazo. No mesmo sentido, os efeitos da própria taxa de juros podem ser mais relevantes nos preços de serviços do que nos dos bens tradables, mais influenciados pela taxa de câmbio, que vem registrando valorização. Por fim, foi debatida a hipótese de que o aumento dos preços nos últimos meses pode ser mera antecipação do processo de normalização da atividade econômica, sem que haja persistência do movimento adiante.

As projeções de inflação para 2021 foram novamente revisadas para cima, passando de 5% para 5,8%, distanciando-se ainda mais do centro da meta de 3,75% de inflação. Entre as projeções, 42% situam-se entre 5,9% e 6,2%; 25% das estimativas estão entre 5,3% e 5,6%, enquanto outras 25% estão entre 5,6% e 5,9%. A mínima e a máxima previstas foram de 5,15% e 6,2%, respectivamente.IPCA 2021.png

Setor externo: inflação mais alta alimenta expectativas de mudanças na política monetária do FED

Na discussão sobre o cenário externo, houve consenso de que o avançado processo de vacinação nos EUA e na China e a consequente reabertura das suas economias confirmam uma trajetória de crescimento da atividade para este ano. Esse quadro construtivo para as economias avançadas não se espelha integralmente nos países emergentes, diante das dúvidas dos investidores em relação ao ritmo mais lento de vacinação e o consequente controle da pandemia, principalmente na América Latina.

O debate foi centrado na estratégia de política monetária para o segundo semestre diante do aumento da inflação norte-americana, que é vista pelo FED como transitória em função do desalinhamento entre demanda e oferta de bens manufaturados, refletido nos estoques baixos da cadeia de produção da indústria. Para parte do grupo, a possibilidade de a inflação ser de caráter temporário ampara a expectativa de que o FED não irá remover os estímulos rapidamente e explica o fato de as taxas dos Treasuries de 10 anos estarem tão baixas.

As casas estrangeiras presentes no Grupo Macro preveem que o anúncio da remoção gradual dos estímulos extraordinários à economia americana ocorram entre o final deste ano e início de 2022, movimento que poderá reduzir o ritmo de crescimento global a partir do próximo ano e que terá reflexos importantes nos mercados emergentes, sobretudo com a possibilidade de redução dos preços das commoditties agrícolas e metálicas nos mercados internacionais.

No Brasil, após dirimida parte das dúvidas relacionadas à manutenção do teto de gastos, a taxa de câmbio acentuou sua trajetória de apreciação diante da boa performance do setor externo. Desta forma, o Grupo Macro revisou a projeção da taxa de câmbio para o fim deste ano de R$ 5,40 para R$ 5,20, o que corresponde a uma desvalorização de apenas 0,1% da moeda doméstica no ano. As estimativas situadas entre R$ 5,10 e R$ 5,40 concentram 59% das apostas, o que reflete certa convergência entre os membros do grupo a respeito da taxa de câmbio. A mínima e a máxima registradas foram de R$ 4,75 e R$ 5,45, respectivamente.PTAX 2021.png

 

Atividade econômica: Grupo Macro revisa projeção de crescimento do PIB deste ano para 5,2%

No debate sobre atividade, os economistas avaliaram que o resultado positivo do PIB do primeiro trimestre, mesmo diante do agravamento da pandemia, sugere um início de recuperação mais sustentada, favorecida pelo crescimento global, que induziu uma performance positiva do setor externo, diante dos preços mais elevados das commodities. No âmbito doméstico, a maior mobilidade, quando comparada ao ano passado, também contribuiu para o dinamismo do nível de atividade.

Ao longo do debate, foram destacados pelos analistas alguns indicadores que reforçam a expectativa de que a recuperação econômica poderá ser mantida ao longo do ano. Entre eles, a melhora do mercado de trabalho formal, com geração líquida de empregos nos últimos meses, o ciclo positivo de concessão de crédito das pessoas físicas e das empresas e o estoque de poupança ainda detido pelas famílias, que vem servindo de apoio financeiro em períodos de agravamento da pandemia e restrições de mobilidade. Em paralelo, o maior ritmo de vacinação previsto para os próximos meses e a consequente reabertura da economia reforçam a avaliação positiva dos economistas do grupo.

Mesmo assim, parte do grupo ressaltou que os riscos para esse cenário de recuperação ainda são relevantes, sobretudo porque ainda há ociosidade na economia. Foi lembrado que, pelo lado da demanda, a possível redução do ritmo de crescimento da economia global, prevista para o fim deste ano, deve impactar o setor externo brasileiro. Além disso, podem existir restrições pelo lado da oferta, principalmente se for confirmada a possibilidade de uma nova crise hídrica. Por fim, a própria pandemia, com as novas variantes, pode voltar a restringir a mobilidade, com consequências negativas para a economia, conforme foi observado em outros países. Em relação às previsões do PIB trimestral, o Grupo Macro revisou a queda de 0,77% prevista na reunião de abril para o segundo trimestre para um quadro de estabilidade (0%) e crescimentos de 0,6% e 0,5% para o terceiro e o quarto trimestre, respectivamente. Para 2021, o grupo revisou a taxa de crescimento do PIB de 3,2% para 5,2%. A mínima e a máxima apuradas foram de crescimento de 4,5% e 5,5%, respectivamente.PIBtri.png

PIB2021.pngPolítica fiscal: Grupo Macro prevê dívida bruta em 84,3% do PIB para 2021

No debate fiscal, o aumento da arrecadação em função da melhora da atividade econômica foi o ponto ressaltado pelos participantes do grupo. A despeito de todos reconhecerem que o cenário continua desafiador, esse resultado, e o próprio crescimento do PIB, provocaram revisões nos principais indicadores fiscais, o que, em certa medida, contribuiu para restaurar parte da confiança dos investidores. A projeção para o déficit primário em relação ao PIB foi reduzida de 3,25% para 2,12%, enquanto a projeção para a dívida pública bruta em relação ao PIB passou de 88,8% para 84,3%.DB2021.png