ANBIMA Summit 2025: cenário fiscal, ambiente internacional e inovações regulatórias são destaques no primeiro dia
Prêmio Nobel Paul Krugman encerrou os painéis com uma análise aprofundada do panorama geopolíticoEm um contexto de incertezas crescentes no mundo, o mercado de capitais é capaz de oferecer um maior dinamismo para as economias, mas ainda tem o desafio de se adaptar às necessidades de investidores cada vez mais numerosos e exigentes. Essa avaliação permeou vários painéis do primeiro dia do ANBIMA Summit 2025, que também abordou temas como macroeconomia, modernizações regulatórias e democratização da informação financeira. O evento teve, ainda, um olhar aprofundado do economista Paul Krugman sobre o cenário geopolítico, encerrando os painéis do dia.
“Com a democratização do mercado de capitais, torna-se cada vez mais necessário repensar atividades e oportunidades de melhorias na experiência do investidor”, afirmou Carlos André, presidente da ANBIMA, no painel de abertura do evento. Segundo ele, o aumento exponencial da quantidade de investidores nas últimas décadas – impulsionado por fatores como mais opções de produtos, sofisticação da oferta e maior relevância dos influenciadores de finanças – ajuda a dinamizar a economia, nos mais variados setores.
Se mais investidores têm acesso aos mercados, é natural que aumente também a importância de terem maior segurança, o que passa pela modernização da regulação. É isso que faz a Resolução CVM 175, o novo marco regulatório da indústria brasileira de fundos de investimento. Não por acaso, João Pedro Nascimento, presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), apelida a norma de “Revolução 175”, dado o alcance das alterações para os fundos, que passam a valer integralmente em 30 de junho. “Com a 175, o Brasil impulsiona o sul global na regulamentação de fundos, liderando mudanças em outros países”, destacou.
Em outra ponta, o Banco Central segue promovendo inovações no sistema financeiro do país, como observou Nilton David, diretor de Política Monetária. Durante sua palestra no ANBIMA Summit 2025, David mencionou como exemplos o projeto do Drex e as constantes evoluções do Pix, como o recém-lançado Pix automático. “São novas funcionalidades do Pix que o tornam um instrumento para a promoção de competição, inclusão financeira e transparência na prestação de serviços de pagamentos”, disse.
Cenário fiscal
Discussão sempre central, o papel do Estado e sua relação com a sociedade foi o mote para um painel sobre o equilíbrio fiscal do Brasil. Seria uma questão meramente de governo ou uma responsabilidade de Estado? Para Ana Vescovi, do Santander, seria necessário que a sociedade compreendesse e debatesse melhor o sistema tributário brasileiro. “O Estado que não tem capacidade de se financiar precisa escolher a prioridade conforme o interesse da sociedade. Mas em um país do tamanho do Brasil é difícil entender o que é essencial para o Estado prover e o que as pessoas estão dispostas a financiar com impostos”, observou.
Também integrante desse painel, o economista Eduardo Giannetti disse não ver o Brasil sob uma emergência fiscal. “Mas se não houver uma reforma tributária na janela que abrirá durante o período de troca do Poder Executivo podemos sim caminhar para uma crise”, ressaltou. Giannetti inclusive invocou o tema central do ANBIMA Summit 2025 como um possível caminho para equilíbrio fiscal no Brasil: entender, antecipar e agir.
Panorama global
Fechando o dia, Krugman trouxe sua visão sobre o cenário geopolítico atual, focando na recente atuação do governo americano e em suas possíveis consequências para a economia mundial. Ele fez uma análise do cenário e levantou possíveis consequências de longo prazo da política de tarifas e das relações comerciais entre os países, como o fortalecimento de acordos comerciais que não incluam os Estados Unidos. Na avaliação de Krugman, o verdadeiro perigo que o tarifaço representa não é retaliação, mas sim uma reprodução desse comportamento em outros países.