Foco nas necessidades dos clientes é peça-chave para fortalecer indústria de investimentos
Conferência da CVM discutiu como olhar para o comportamento dos brasileiros na hora de investir pode ajudar as pessoas a pouparem e até mesmo aprimorar a regulação do mercadoEntender os aspectos comportamentais do investidor é importante para que o regulador crie normas mais alinhadas ao racional das pessoas no momento de escolher onde colocar seus recursos. Daí a relevância do envolvimento da CVM em estudos e eventos relacionados às ciências comportamentais, destacou Marcelo Barbosa, presidente da autarquia, na cerimônia de abertura da 7ª Conferência de Ciências Comportamentais e Educação do Investidor. O evento aconteceu na última sexta-feira, 4, no Rio de Janeiro, organizado pela CVM com o apoio da ANBIMA e da B3.
“A regulação deve ser mais normativa ou principiológica?”, questionou Barbosa, complementando que não existe resposta certa: a decisão deve ser tomada caso a caso. Para optar entre uma norma mais detalhada ou algo mais flexível, vale a experiência e a percepção do regulador quanto à forma como o investidor deve reagir.
Carlos André (foto), nosso vice-presidente, apontou o foco nas necessidades do cliente como a chave do sucesso para os negócios no longo prazo. Sem esquecer o desafio imposto pelo atual cenário econômico, que leva à busca de produtos mais sofisticados para manter a rentabilidade, ele destacou que o brasileiro ainda investe pouco – só 8% da população fez algum tipo de aplicação em produtos financeiros em 2018 – e investe mal, já que a maior parte desses recursos está na poupança.
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“Os números mostram que não é suficiente ajudar as pessoas a pouparem mais, mas também precisamos ajudá-las a aplicar melhor”, disse Carlos André. Ele reforçou a importância de a indústria de investimentos se comunicar melhor, com uma linguagem mais clara e direta.
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“Esse desafio não é só das instituições financeiras e dos profissionais que atuam na distribuição de produtos. É um desafio também para o regulador e para o autorregulador, já que esse trabalho de simplificação passa por um exercício de empatia. Precisamos ter o olhar ‘do’ investidor e não ‘no’ investidor”, afirmou.
Brasileiro não entende os fundos
Para exemplificar a dificuldade das pessoas em entender os produtos, Ana Leoni (foto), nossa superintendente de Educação e Informações Técnicas, apresentou o estudo que mostra a percepção do brasileiro em relação aos fundos de investimento. Ao desenhar a jornada do investidor, nosso levantamento mostra que as pessoas não sabem o que é um fundo. Mesmo aquelas que têm alguma familiaridade com esse mundo acham o produto complexo.
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O resultado da pesquisa está orientando conversas com a CVM sobre possíveis mudanças na documentação dos fundos.
Segundo Ana, a Associação tem como prioridade dar continuidade a este tipo de pesquisa como forma de conhecer melhor o brasileiro e suas motivações em relação a dinheiro e investimentos. “Queremos compartilhar isso com nossos associados e a sociedade em geral”, afirmou.