MKBR22: Pluralidade nos conselhos de administração ainda é realidade distante
O Brasil é um país marcado pela diversidade, com povos de diferentes origens, credos, culturas e uma maioria da população composta por mulheres (53%) e pretos ou pardos (56%). Essa realidade, no entanto, não se reflete na composição da maioria dos conselhos de administração das empresas. Esses colegiados ainda são predominantemente formados por homens brancos, que fizeram carreira no eixo Sul-Sudeste, e possuem mais idade.
A busca por conselhos mais diversos, que representem a sociedade é, na visão do vice-presidente da ANBIMA e chairman da BlackRock, Cacá Takahashi, uma necessidade. “Esse é um tema de muita relevância, porque talvez uma das maiores riquezas do Brasil seja a pluralidade. Mas em alguns segmentos, como o dos conselhos de administração, a diversidade continua sendo um desafio”, comenta Cacá, que participou de painel dedicado ao tema no MKBR22, evento promovido pela ANBIMA em parceria com a B3.
Cacá Takahashi (esq), Jandaraci Araujo (telão) e Claudia Elisa (dir.) falaram sobre a importância da pluralidade nos conselhos de administração
Integrante de diversos conselhos de administração, Claudia Elisa observa que o maior desafio para um profissional com perfil distinto do status quo se tornar conselheiro é conseguir a primeira oportunidade. “Hoje, a maioria das posições é preenchida por indicação e só 30% passam pelo trabalho de um headhunter. Como os membros atuais são homens, brancos, de mais idade, o networking deles é formado por seus semelhantes, e as indicações saem dos grupos com que convivem”, afirma Claudia, acrescentando que a falta de diversidade em relação a gênero, idade, formações e culturas empobrece o debate nos conselhos.
Cocriadora do Conselheiras 101, programa que visa a inclusão de mulheres negras em conselhos de administração, Jandaraci Araújo tem a mesma visão e reforça que a riqueza do debate em um conselho depende da diversidade de seus membros. “O primeiro desafio, da oportunidade, como comentou a Claudia, é o mais difícil. Mas, depois, também precisamos nos focar na mudança de mentalidade das pessoas que participam dos conselhos, o que traz novas perspectivas e favorece a lucratividade das empresas”, ressalta.