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2024#22: Criptoeconomia e mercado financeiro, uma nova convergência
Regulação Internacional

2024

#22: Criptoeconomia e mercado financeiro, uma nova convergência

Criptoeconomia e finanças tradicionais em convergência. O que importa em 2024?


Foto: Billion Photo no Canva

Embora o ano passado tenha testado a resiliência da criptoeconomia, ele também pavimentou a aproximação com as TradFi (finanças tradicionais), aumentou o escrutínio dos reguladores sobre o mercado e abriu caminho para a tokenização de ativos se integrar à economia tradicional. No Brasil, acompanhamos o início dos testes-piloto com o Drex, a CBDC (Central Bank Digital Currency, ou Moeda Digital Emitida por Banco Central) brasilera. E, no mundo inteiro, vimos crescer o interesse sobre blockchain, DLTs (tecnologias de registro distribuído) e smart contracts.

"O ano que passou, marcado por ajustes significativos do mercado e mudanças regulatórias, será provavelmente lembrado como um capítulo crucial na história da criptoeconomia", escreve a Dra Tonya Evans, professora na Penn State Dickinson Law e especialista em direito, blockchain e criptoeconomia. 

Para Evans, autora do livro Digital Money Demystified, o ponto alto para 2024 é o lançamento das bases para um "novo tipo de mercado em alta – impulsionado não pelo investidor individual, mas pelas instituições financeiras que antes estavam céticas sobre a criptoeconomia".

As ETFs de bitcoin abrem caminho

Um dos exemplos desse encontro de águas dos mercados foi a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) ter aprovado a negociação em bolsa dos ETFs de bitcoin à vista (spot), solicitada por 11 instituições financeiras. A decisão, tomada em janeiro, agitou o mercado financeiro tradicional e a criptoeconomia, especialmente porque era negada pela SEC desde 2013, quando os irmãos Tyler e Cameron Winklevoss propuseram o primeiro ETF de bitcoin (aqui vale conferir a linha do tempo montada pela Reuters).

A expectativa de que essas aprovações atraíssem dinheiro novo para o mercado tradicional e impactassem positivamente o valor das criptomoedas parece estar se concretizando: no dia 13 de fevereiro, o preço do bitcoin chegou aos US$ 50 mil pela primeira vez desde 2021. No dia seguinte, subiu para US$ 51,9 mil, fazendo com que market cap de cripto passasse de US$ 1 trilhão e o bitcoin acumulasse 22% de valorização em 30 dias. E ele não cresce sozinho: a segunda criptomoeda mais valiosa, o Ethereum, acumulou 20% de valorização no período.

O aumento da demanda gerada pelos ETFs de bitcoin à vista nos EUA foi um dos responsáveis pelo salto. Em 30 dias de negociação, completados em 11 de fevereiro, os ETFs acumulam um fluxo de US$ 11 bilhões e, segundo a empresa de análise de dados CryptoQuant, levaram cerca de US$ 9,5 bilhões em dinheiro novo para o mercado de bitcoin nesses 30 dias. “Estimamos que mais de 75% dos novos investimentos em bitcoin vêm desses ETFs”, escreveu o principal analista da CryptoQuant, Julio Moreno. Confira abaixo o gráfico de um ano de bitcoin, entre fevereiro de 2023 e fevereiro de 2024

Gráfico exibe um framework de inovação, listando ações possíveis para cada área das empresas de mercado de capitais.

Outro evento, previsto para acontecer em 22 de abril, deve provocar o aumento do valor do bitcoin. Chamado de Halvening (ou halving), ele acontece a cada quatro anos, cortando pela metade a recompensa paga aos mineradores de bitcoin. O halving foi projetado por Satoshi Nakamoto para conter o potencial de inflação, reduzindo a quantidade de novos bitcoins. Ou seja, reduz a oferta e aumenta, consequentemente, o preço da moeda. O primeiro halving ocorreu em novembro de 2012. O evento de 2024 vai reduzir a recompensa por bloco minerado de 6,25 BTC para 3,125 BTC. Historicamente, o aumento do preço do bitcoin sempre precedeu o halving.

A tokenização ganha espaço em 2024

Além dos ETFs e das influências macroeconômicas, a tokenização de ativos de finanças tradicionais (RWA, ou Real Word Assets, no termo em inglês), em conjunto com a tecnologia de blockchain e DLTs (Distributed Ledger Technologies), emerge como um catalisador dessa convergência entre dois mundos.

O interesse dos investidores institucionais na tokenização está em rota ascendente. Uma pesquisa da EY-Parthenon descobriu, por exemplo, que 83% dos investidores institucionais e 91% dos investidores de alto patrimônio líquido dos Estados Unidos devem incluir títulos tokenizados em suas carteiras até 2027, indicando percentuais de alocação entre 7% a 9% de todo o seu portfólio.

Os valores associados à tokenização são sempre superlativos: o relatório The State of Tokenization, produzido pela 21.co, empresa de gestão de ativos digitais, estima que, em 2030, o valor do mercado global de ativos tokenizados pode variar de US$ 3,5 trilhões (bear market) a US$ 10 trilhões (bull market). 

Esse valor, segundo a 21.co, deriva da taxa de penetração estimada do mercado total endereçável em várias classes de ativos, incluindo dívida corporativa não financeira, fundos imobiliários, private equity, títulos colaterais, financiamento comercial e títulos de dívida pública.

Os prognósticos podem ser ótimos, mas há lições de casa a serem feitas para garantir a evolução, aponta o estudo da EY-Parthenon. Entre elas estão:
 

  • Ambiente regulatório em evolução: isso gera incerteza e apresenta desafios para investidores e participantes do mercado.
     
  • Desenvolvimento da rede de distribuição: a mecânica e as redes de distribuição de ativos tokenizados continuam sendo desenvolvidas. Isso exige tempo e colaboração entre as partes interessadas.
     
  • Lacuna educacional: equívocos sobre blockchain e criptomoedas contribuem para desinformação sobre a tokenização de ativos.
     
  • Ecossistema e infraestrutura financeira: o ecossistema que apoia a tokenização de ativos está em estágios iniciais, exigindo a criação de uma infraestrutura financeira robusta e de participantes do mercado.
     
  • Investimentos e custos: a tokenização exige investimentos iniciais significativos, impedindo que alguns participantes adotem o conceito.

Uma nova rede de blockchain

Na ANBIMA, uma das grandes iniciativas estratégicas da agenda de inovação em 2024 é o desenvolvimento de uma rede de blockchain para o mercado de capitais brasileiro. O projeto envolve estruturar e testar uma rede DLT padronizada, multiativos e interoperável, com o objetivo de democratizar o acesso, estimular a inovação e acelerar a conquista dos benefícios da tokenização para todo o mercado.

Nesse link você pode baixar o plano de ação da Associação para o biênio 2023/2024 e saber mais sobre todas as iniciativas.

Para o seu radar:

  • Um glossário precioso: criados pelo Crypto Council for Innovation para iniciantes e experts, esses artigos explicativos ajudam a entender o mundo financeiro em mudança.
     
  • As DLTs no mundo real: a pesquisa ISSA DLT in the Real World, feita em parceria com Accenture, Broadridge, Fnality e Metaco, oferece uma visão ampla da percepção do mercado financeiro sobre as novas tecnologias de registro distribuído e suas aplicações.
     
  • A importância da padronização para um mundo em mudança e convergência é o tema desse artigo publicado em janeiro pelo CCI.