Quanto mais tecnológicas, mais centradas nos humanos devem ser as empresas
Imagem: ilustração no Canva
Com mais de 1,5 mil painéis e apresentações, divididos em 24 trilhas, o SXSW 2024 é certamente o melhor lugar para garimpar insights que podem orientar o planejamento estratégico de qualquer companhia.
Há um viés comum no discurso de futuristas, consultores, pensadores e especialistas presentes no evento sobre o que deveria ser a diretriz primária nas empresas: quanto mais tecnológico é o futuro, mais ele precisa colocar o ser humano no centro e no controle. Como diz Mike Bechtel, futurista chefe da Deloitte Consulting e storyteller talentoso, "a palavra tecnologia é só um sinônimo pomposo para ferramenta. E ferramentas são hacks que a humanidade usa para saltar para o próximo nível".
A IA Generativa é uma ferramenta que, ao ser usada para tarefas mundanas ou complexas, abre espaços cognitivos para os seres humanos, disse Peter Deng, vice-presidente de produtos corporativos e de consumo da OpenAI, em uma conversa com o jornalista Josh Constine. "A IA nos tornará fundamentalmente mais humanos", disse Deng.
Uma certeza entre palestrantes que abordaram a IA como a nova fundação para o futuro é que nesse momento somos todos aprendizes, porque a tecnologia está na "infância", em processo de formação e evolução. Se vale a comparação, descobrimos o fogo, agora temos que aprender como usá-lo a nosso favor.
Para entender as mudanças
- Elizabeth Bramson-Boudreau, CEO e publisher do MIT Techology Review, apresentou a lista anual de 10 tecnologias disruptivas para 2024 escolhidas pela revista. A IA para tudo (AI for everything) esta no topo da lista, mas o momento é de aprendizado: "Das mil empresas que ouvimos, apenas 9% já tinham de fato um caso de IA Generativa implantado. A maioria está tentando entender a tecnologia", disse a CEO. Neste link você pode ouvir o áudio completo da apresentação. E, neste link, conferir a lista das 10 tecnologias.
- John Maeda, VP de design e IA da Microsoft, apresentou o novo relatório "Design in Tech Report 2024: Design Against AI". Maeda brinca dizendo que desconfia de quem se considera especialista em IA, porque a tecnologia muda todo dia. Mas é enfático em dizer que profissionais de design de produto são fundamentais para criar sistemas de IA éticos desde o momento zero. Duas recomendações: pensar nas implicações que eles podem ter na humanidade; e ter senso crítico apurado para antecipar riscos de uso. Você pode ouvir o áudio completo da apresentação de Maeda nesse link.
- Para Sandy Carter, COO da Unstoppable Domains, a parceria cérebro humano + máquina será prevalente nas empresas. "É hora de parar de resistir e aprender", diz ela. A palestra de Carter destacou sete tendências para a próxima década, que também são detalhadas em seu livro “The Tiger and the Rabbit”. Elas incluem não só a emergência da IA, como também a combinação com a blockchain e a tokenização. Ouça o áudio original completo da palestra de Sandy Carter.
- Mike Bechtel, da Deloitte Consulting, garantiu, na sua palestra "Dichotomies: Visions of Technology’s Role in Divergent Futures", que o futuro tecnológico é humano. Segundo ele, não dá para delegar para a IA três atividades exclusivas do nosso cérebro: criatividade, empatia e curiosidade. Ouça o áudio completo da palestra. E confira o relatório Tech Trends 2024, da Deloitte, organizado por Mike Bechtel.
- Em uma conversa que contou com a aparição surpresa do produtor-executivo David Conley – que na noite anterior tinha recebido o Oscar de Melhor Curta de Animação por War is Over! –, a CEO da AMD, Lisa Su, explicou a importância do poder computacional dos microprocessadores e dos AIPCs (computadores pessoais com capacidade de IA embutida) nos próximos anos. Destacou a necessidade da indústria de acelerar, sem quebrar coisas pelo caminho. "Temos que experimentar e fazer acontecer, mas com um olhar atento". A conversa toda pode ser assistida no YouTube.