Radar COP30: aquecimento para Belém
Aquecimento para Belém
Agosto teve duas prévias da COP 30 para discutir o enfrentamento da crise climática: no início do mês, a SP Climate Week reuniu diversas vozes do Brasil e da América Latina para fomentar a inovação em soluções climáticas na região. Entre elas, estavam representantes da Anbima, como Luiz Pires, gerente de Sustentabilidade e Inovação, e Erika Lacreta, gerente de Mercado de Capitais, falando sobre finanças sustentáveis.
Na última semana de agosto, foi a vez da Rio Climate Action Week. As discussões passaram por temas como cidades resilientes, inovação financeira para o agronegócio sustentável e soluções para a vida das pessoas afetadas pela crise do clima. Cacá Takahashi, diretor da Anbima e coordenador da Rede Anbima de Sustentabilidade (foto), marcou presença em um painel sobre a experiência brasileira com finanças climáticas.

Já em evento paralelo para celebrar dois anos do Plano de Transformação Ecológica brasileiro, a diretora-executiva da COP 30, Ana Toni, disse que a conferência em Belém estará centrada no financiamento, focada em transformar grandes metas em instrumentos práticos de implementação.
Treinamento de lideranças pelo clima
Agosto também reuniu cerca de 800 líderes climáticos no Rio de Janeiro para a quarta edição brasileira do treinamento do The Climate Reality Project, evento com a presença do ex-vice-presidente americano Al Gore.
Vencedor do Nobel da Paz em 2007 e um dos pioneiros nos alertas sobre mudança climática, Gore afirmou que a estimativa de custo global dos desastres climáticos registrados na última década já chega a US$ 3,5 trilhões e reforçou a relação entre o aumento das catástrofes ambientais e a elevação da temperatura global.
Mobilização e engajamento
O presidente da COP 30, André Corrêa do Lago, publicou mais três cartas apenas em agosto dirigidas à comunidade internacional, pedindo maior engajamento dos países com a revisão das NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas). Na sexta carta, Corrêa do Lago sugere que países que ainda não anunciaram suas metas revisadas aproveitem a Assembleia Geral da ONU, em setembro, para fazê-lo. Até o final de agosto, 75% dos países não haviam apresentado suas metas revisadas para 2035.
Diante da perspectiva de publicação de um relatório em outubro pela UNFCCC – órgão climático da ONU – medindo as reduções de emissões prometidas para 2030 e 2035 em relação ao que os cientistas dizem ser necessário para limitar o aquecimento global a 1,5 °C, Corrêa do Lago anunciou uma rodada de consultas para os próximos meses. O objetivo da presidência da COP 30 é evitar que o relatório dê margem para argumentos de que, apesar dos esforços, não há resultados suficientes e diminua a disposição dos países para assumir novas NDCs.
“Não cabe à Presidência da COP30 “fazer história”. Cabe a todos nós responder à altura do contexto histórico em que vivemos. Como novo guardião do nosso processo, compreendo que todos seremos julgados – agora e no futuro – pelo sucesso que tivermos em honrar e preservar o legado dos nossos antecessores, ao mesmo tempo em que abrimos caminho para sua expansão, das salas de negociação aos gabinetes, conselhos empresariais e lares da população."
André Corrêa do Lago, presidente da COP 30

Crise das acomodações ainda preocupa

Fonte imagem: COP 30
O Brasil anunciou a contratação de dois navios de cruzeiro para garantir a hospedagem de delegações e participantes da COP30, em Belém, mas não foi suficiente para evitar que um grupo de países pedisse à ONU uma mudança no local da conferência. Além disso, o governo brasileiro disponibilizou a aguardada plataforma online para oferta de hospedagens no esforço de amenizar o problema das diárias.
Até o dia 10 de setembro, subiu para 71 o número de países que confirmaram presença na COP, pouco mais de um terço (36%) do total de 196 delegações convidadas para a conferência no Pará. Com queixas até de países com economias avançadas, a UNFCCC chegou a propor que o governo brasileiro subsidiasse os custos com hotéis das delegações estrangeiras.
A secretária-executiva da Casa Civil do governo brasileiro, Miriam Belchior, declarou que esse é um compromisso da ONU que subsidia a participação de países com menos condições financeiras, e não do Brasil.