<img height="1" width="1" style="display:none" src="https://www.facebook.com/tr?id=1498912473470739&amp;ev=PageView&amp;noscript=1">
  • Empresas fiscalizadas.
  • Trabalhe Conosco.
  • Imprensa.
  • Fale Conosco.
    Português Português (BR)

Publicações

Consulta
2024#21: Como regular e conviver com a inteligência artificial?
Regulação Internacional

2024

#21: Como regular e conviver com a inteligência artificial?

Deep techs e os "investimentos pacientes"

Imagem exibe o dorso de um homem negro vestindo camisa e jaleco brancos, com uma gravata amarela. Ele aponta uma mão para frente, tocando em um ícone que remete a produtividade. Esse ícone se conecta a uma rede de vários outros que representam ciência, saúde, temperatura, mercado, entre outros.

Foto: LeoWolfert - Getty Images Pro no Canva

No cruzamento entre ciência e tecnologia está o cerne das deep techs, startups focadas em áreas como computação quântica, biotecnologia, nanotecnologia, robótica, inteligência artificial, energias limpas e renováveis e captura de carbono. Em 2024, elas serão fundamentais para criar as tecnologias que vão materializar a economia net zero, como aponta a UNCC (United Nations Climate Change).

A definição de deep tech foi criada em 2013 pela engenheira indiana Swati Chaturvedi, CEO da plataforma de investimentos Propel(x). Em um artigo publicado em 2015, ela sinalizava a tendência que ganha mais relevância nesta década: as deep techs miram a solução de problemas críticos e de magnitude global. Daí também serem conhecidas como Frontier Techs, representando um mercado estimado em US$ 9,5 trilhões para 2030, segundo a Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento).

Elas exploram a sinergia entre tecnologias digitais consolidadas, como inteligência artificial e computação em nuvem, e tecnologias físicas emergentes, como biologia sintética e materiais avançados, para causar grandes impactos sociais, tecnológicos e econômicos em áreas como clima, alimentos, saúde, medicina e manufatura avançada

Há dez anos, o aporte de capital de risco em deep techs representava 10% do total de dinheiro captado por startups globalmente. Desde 2019, consistentemente, apesar da queda geral dos aportes em startups, os investimentos em deep techs têm representado 20% de todo o dinheiro investido globalmente, aponta o novo relatório do BCG sobre o setor e suas oportunidades. Na Europa, o setor, que inclui as climate techs, captou 41% do total de investimento de risco, segundo o relatório State of European Tech. A expectativa para 2024 é de crescimento desse ritmo
 

Diferentes das startups SaaS (software as a service), as deep techs exigem um “dinheiro paciente”. O retorno demora em média entre 25% e 40% mais que as startups tradicionais, no período entre o capital semente e a Série D. O investimento, no entanto, é atraente para venture capital e private equity, segundo o estudo do BCG, pois gera uma taxa média de retorno de 26% (contra 21% das startups convencionais). No gráfico abaixo, é possível distinguir as taxas médias internas de retorno (IRR) identificadas pelo BCG a partir da análise dos dados de 1.100 fundos de risco nos últimos cinco anos.

Gráfico do estudo do BCG sobre taxas internas de retorno de investimento em deep techs

Segundo previsões do BCG, esse mercado deve atrair entre R$ 695 bilhões e R$ 993 bilhões em investimentos até 2025. Os investidores estão fazendo apostas maiores. O tamanho do aporte médio aumentou significativamente nos últimos anos, com muitos investimentos atingindo US$ 100 milhões ou mais. 

Onde estão as deep techs?

As áreas de atuação das deep techs foram organizadas pelo BCG sob quatro grandes guarda-chuvas:

  • Clima e sustentabilidade: aqui entram mobilidade e logística; energia e clima; agro e novos alimentos; e plataformas físicas cross industry (biorreatores, nanotecnologia, semicondutores e novos materiais). Nessa categoria, há dois grandes sucessos latino-americanos: a chilena NotCo(comida plant-based criada por IA) e a argentina Bioceres (cultivo resiliente), cada qual avaliada em mais de US$ 500 milhões.
     
  • Demografia e longevidade: deep techs de saúde e bem-estar. Descoberta de novas drogas, dispositivos vestíveis de monitoramento, diagnósticos por IA, robôs médicos e biologia sintética. Um exemplo brasileiro é a BioLinker, fundada por Mona Oliveira, que faz síntese de proteínas em laboratório usando tecnologia de biologia sintética.
     
  • Tecnologia: cibersegurança, DeFi, legal techs, plataformas digitais cross-industry (IA generativa e plataformas cognitivas), tecnologias quânticas.
     
  • Segurança ambiental: espacial (nanosatélites, monitoramento via satélite, comunicações por satélite, manufatura em gravidade zero) e defesa (segurança aeroespacial, previsão e prevenção ao crime). Um exemplo é a argentina Satellogic (satélites de alta resolução para monitoramento terrestre).

Grande potencial na América Latina

O estudo Deep Tech: The New Wave, divulgado em julho pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), avalia que a América Latina vive um 'Big Bang' de inovação. O relatório aponta crescimento relevante no setor, com os investimentos aumentando 44 vezes entre 2020 e 2022. Há, segundo o BID, 65 fundos de venture capital e aceleradoras locais e internacionais investindo em deep techs na América Latina e Caribe.
 

Prevê-se que, na próxima década, os investimentos nessa região aumentarão 20 vezes. Baseando-se nos números de 2022, que somaram US$ 172 milhões em aportes financeiros para deep techs, estamos falando da perspectiva de um salto para US$ 3,44 bilhões em recursos destinados a startups na intersecção entre ciência e tecnologia.
 

O BID identifica 14 países como focos de interesse para investidores. Argentina (30%), Brasil (30%) e Chile (19%) lideram, abrigando a maioria das deep techs. México e Colômbia devem ganhar mais destaque nos próximos anos, mas o Brasil se destaca pelo seu enorme potencial de crescimento, concentrando 77% dos 871 mil pesquisadores, 58% das patentes da região e 39% dos investimentos.

O estudo mapeou 340 deep techs na ALC (América Latina e Caribe), que já arrecadaram US$ 2 bilhões em investimento de risco, contribuindo com um valor agregado de US$ 8 bilhões ao ecossistema. A maioria dessas empresas (61%) é de biotechs, seguidas por startups de inteligência artificial (11%). 

Segundo o BID, as deep techs podem funcionar como um efeito turbo para a ALC superar o aquecimento global, o aumento do endividamento e o envelhecimento, porque “expandem radicalmente as fronteiras do desenvolvimento“.

A soma das características únicas da biodiversidade da região, com capital humano científico disponível, nos colocam em uma situação vantajosa, no momento que o mundo discute como acelerar para uma economia de baixo carbono. Acrescente a isso o fato de que uma das características importantes das deep techs é já nascer com impacto global potencial.

Para o seu radar:

Sinais de fumaça no horizonte…