Anbima lidera debates sobre futuro do mercado financeiro no Rio Innovation Week
São Paulo, 18 de agosto de 2025 – A Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) encerrou sua participação no Rio Innovation Week após uma programação intensa e painéis cheios. Ao longo da última sexta-feira, 15, especialistas, executivos e representantes de instituições públicas e privadas debateram os rumos da inovação no setor financeiro, com destaque para temas como inteligência artificial, blockchain, cibersegurança e possíveis futuros da indústria de investimentos. A curadoria posicionou a Anbima como articuladora de transformação e referência em inovação no mercado.
“O nosso papel é facilitar o desenvolvimento de soluções e a incorporação de novas tecnologias no dia a dia do setor”, afirmou Carlos André, presidente da Anbima. Ele lembrou a Rede Anbima de Inovação, responsável por coordenar essas iniciativas, e destacou uma delas prevista ainda para novembro de 2025: o lançamento de uma assistente de IA com foco na aurregulação da Anbima.
Inteligência artificial: da promessa à prática
A IA foi um dos temas mais discutidos, com abordagens que foram além do hype. Os painelistas mostraram de que forma ela está sendo aplicada em áreas como gestão de ativos, compliance, atendimento ao cliente e análise de dados. “A IA não veio para tirar o seu emprego, veio para liderar um processo de mudança”, disse Luis Ravasi, COO da InVista Real Estate, ao comentar os impactos da automação nas áreas operacionais.
Os especialistas destacaram que a tecnologia exige governança, supervisão humana e capacitação das equipes. Barbara Correia, líder em Responsible AI no Itaú Unibanco, alertou para os riscos da IA generativa: “Ela gera algo que nunca existiu. Nossa sociedade ainda é enviesada. Como corrigimos isso sem autonomia sobre o modelo? Precisamos reforçar os guard rails e testar antes de disponibilizar para o mercado.”
Blockchain e tokenização como infraestruturas do futuro
A tokenização de ativos e o uso de blockchain foram apresentados como pilares de uma nova infraestrutura financeira, mais eficiente, global e acessível. Especialistas destacaram o potencial de simplificação de processos, redução de custos e democratização do acesso a investimentos. A interoperabilidade entre plataformas e a padronização tecnológica foram apontadas como desafios centrais para a maturidade do setor.
Para Courtnay Guimarães, head de digital assets do Bradesco, a tokenização é uma mudança de paradigma: “No futuro, não teremos instituições locais. O mercado só será brasileiro para os impostos. De resto, será tudo global.” Andre Portilho, sócio e head of digital assets do BTG Pactual, concorda ao contextualizar a evolução da infraestrutura financeira: “A gente tem um carro digital, mas o chassi ainda é analógico. A tokenização pode ser a digitalização completa do mercado”.
Confiança como ativo estratégico
Em um ambiente cada vez mais digital, a segurança da informação foi tratada como prioridade. “A maior vulnerabilidade não está na tecnologia, mas nas pessoas. Capacitação e cultura são fundamentais para proteger o sistema financeiro”, afirmou Luiz Henrique Carvalho, gerente da Anbima.
Complementando a discussão, Luiz Leme, da Verde Asset, destacou a importância da cultura organizacional: “Não adianta investir milhões em tecnologia se do outro lado tem alguém despreparado para lidar com ela ou querendo fazer dar errado.”
Futuros possíveis
Os painéis sobre futurismo e inovação provocaram reflexões sobre o papel das instituições na construção de um mercado mais inclusivo, automatizado e centrado no usuário. A convergência entre Pix, Drex e Open Finance foi apontada como um marco para a nova lógica financeira, em que decisões e transações acontecem de forma quase invisível, mas altamente eficiente.
“Você vai usar coisas que não são aplicativos de banco para fazer tarefas de banco”, provocou Rodrigoh Henriques, diretor de inovação e estratégia da Fenasbac, ao imaginar o cotidiano financeiro em 2040.
Já a pesquisadora Zaika dos Santos, CEO da Afrofuturismo, trouxe a perspectiva social para o debate: “Para que a tecnologia não reproduza o viés inconsciente, precisamos ter várias conversas. Democratização não é só da educação, mas da renda.”
Papel da Anbima na inovação
Os painelistas reforçaram que inovação não pode ser tratada como algo complementar. É preciso que ela esteja no centro da estratégia das organizações. Para Marcelo Billi, superintendente de Inovação, Sustentabilidade e Educação da Anbima, esse é o caminho para a transformação real: “A Anbima não é apenas uma associação de bancos e assets, mas também um ecossistema que mobiliza expertises. Não tem outro jeito que não seja trazer as pessoas para a mesa.”
A ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) representa mais de 300 instituições de diversos segmentos. Dentre seus associados, estão bancos comerciais, múltiplos e de investimento, asset managements, corretoras, distribuidoras de valores mobiliários e consultores de investimento. Ao longo de sua história, a Associação construiu um modelo de atuação inovador, exercendo atividades de representação dos interesses do setor; de autorregulação e supervisão voluntária e privada de seus mercados; de distribuição de informações que contribuam para o crescimento sustentável dos mercados financeiro e de capitais; e de educação para profissionais de mercado, investidores e sociedade em geral.