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Imprensa

Congresso 2020: Impacto das negociações de alta frequência (HFT) e atuação dos influenciadores digitais estão entre os debates do quinto dia

 

O uso de tecnologias de negociação de alta frequência no mercado de ações, conhecida por HFT (High Frequency Trading), muitas vezes é associada a um aumento da volatilidade dos mercados e à criação de uma “liquidez fantasma”, ao distorcer os números pelo grande volume de operações feitas em segundos. A ideia de que as HFTs não têm esse impacto nas negociações e não causam prejuízos foi o ponto central do painel dedicado ao tema, realizado nesta quinta-feira (26) no  Congresso Brasileiro de Mercado de Capitais, evento da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) e da B3 que termina hoje (27).

Jan Boomaars, CEO do Grupo Optiver, aguarda, até hoje, um “estudo sério” que comprove a relação entre negociações com alta frequência e distorções de mercado. “Chegamos a observar o contrário: quando deixamos algum local em que atuávamos com frequência, observamos que a volatilidade sobe”, comenta. “Claro que, em momentos de estresse, os spreads sobem, mas pelo aumento da incerteza e diminuição dos players. Não tem nada a ver com a presença de HTFs no mercado”, acrescenta Boomaars em resposta ao questionamento feito por Tilman Lueder, responsável por mercado de capitais na Esma, autoridade europeia de valores mobiliários, que moderou o painel.

A resposta de Troy Kane, chefe de Derivativos Globais e Desenvolvimento de Renda Fixa, Câmbio e Commodities na Citadel Securities, sobre as suspeitas de que os HTFs prejudicam a formação de preço, foram na mesma direção do executivo da Optiver. “Alguns trabalhos que associavam volatilidade e negociações com alta frequência têm mais de dez anos, são ultrapassados. Hoje, tem muito mais investidor operando com algoritmos e ainda assim os spreads são mais justos com mais liquidez e mais transparência”, comenta Kane. Ele também considera um equívoco o uso do termo “liquidez fantasma” para se referir a um aumento da liquidez, pelo uso de HTFs, de maneira enganosa. “Na Citadel, atuamos em mais de 35 locais no mundo, são milhares de instrumentos sendo negociados todo dia. Entregamos a melhor precificação e qualidade da execução de uma ordem ao nosso cliente. Geramos valor”, diz.

Segundo Lueder, o volume de operações na Europa com HTFs passa perto de 60% em ações. “No Brasil, chega a 35% e está crescendo rapidamente. É um tipo de negociação que favorece a liquidez e ajuda a mercados como o do Brasil a se desenvolverem”. Boomaars menciona o forte desenvolvimento no país. “Nós fomos os primeiros formadores de mercado que entraram no Brasil, há dez anos, quando a bolsa tinha Vale e Petrobras, basicamente. Ao longo deste tempo, trabalhamos muito com a B3 e o regulador para que o mercado local fosse atrativo ao estrangeiro, o que aconteceu”, conta.

A diferença entre a realidade brasileira, com as negociações centralizadas em uma única bolsa, e os mercados americano e o europeu, com vários players, foi lembrada pelos participantes. “Um modelo fragmentado como o americano tem prós e contra, é mais competitivo e tem muitos concorrentes, o que é bom. Mas o essencial, sendo um mercado fragmentado ou não, é que a informação esteja disponível em um único local de forma transparente”, comenta Lueder, acrescentando que isto ocorre no Brasil com apenas uma bolsa.

Papel dos influenciadores e dos profissionais de distribuição foi tema do segundo painel

As redes sociais transformaram as relações pessoais na última década e popularizaram a figura dos influenciadores digitais. Em anos recentes, alguns personagens passaram a multiplicar seguidores com vídeos e postagens sobre investimentos pessoais. A linha que separa uma opinião de uma recomendação é tênue. “Identificar a motivação financeira do influenciador talvez seja uma forma de a CVM filtrar o que é opinião e o que é recomendação. Se a pessoa é remunerada por aquilo, precisa passar por escrutínio por parte do regulador”, diz Tito Gusmão, fundador da plataforma de investimentos Warren.

Adeodato Volpi Netto, sócio-fundador da Eleven Financial Research, lembra que a atividade do analista de valores mobiliários é regulada pela Instrução CVM 598, que estabelece o que é uma recomendação de investimento. No dia a dia das redes sociais, entretanto, a linha que separa recomendação de opinião dos influenciadores é quase imperceptível – e pode impactar a base de seguidores. “Dependendo do alcance que essa pessoa tiver, emitir uma opinião ou falar sobre sua própria carteira de investimentos acabará influenciando outras pessoas. Vejo esse tema com muita preocupação”, afirma.

A CVM discute atualmente o quanto esses influenciadores financeiros digitais impactam a tomada de decisão dos seus seguidores. George Wachsmann, sócio-fundador da plataforma de investimentos Vitreo, lembra que o regulador emitiu um parecer recente sobre a atuação desses players. “A autarquia diz que as pessoas têm direito a se manifestar sobre investimentos financeiros, mas, se forem específicas em uma recomendação, o próprio regulador vai avaliar se está havendo uma remuneração diretamente ou indireta sobre isso”, conta.

Investimento é um assunto sério e os brasileiros precisam ter maior diligência na escolha do conteúdo e informações que consomem sobre finanças pessoais. “Com a evolução da tecnologia, as respostas se tornaram commodities e as pessoas precisam aprender a fazer as perguntas: como eu posso investir melhor, como posso diversificar os investimentos, como construir um patrimônio de longo prazo? Só não digite no Google 'como ficar rico no ano que vem'”, exemplifica Volpi Netto.

Ao mesmo tempo em que são utilizados por aproveitadores que vendem promessas de enriquecimento fácil, os meios digitais também são aliados dos profissionais de investimento na tarefa de compartilhar conteúdo de qualidade, interagir e ajudar as pessoas a tomar as melhores decisões para suas aplicações. “A recomendação é sempre buscar fontes confiáveis, instituições respeitadas e com boa reputação”, diz Volpi Netto. “Nossa missão é que é preciso pensar no longo prazo, que ficar rico leva tempo, que é preciso construir um tijolo de cada vez. O problema é que se alguém fala que é possível conquistar um milhão em uma semana terá mais apelo”, completa Gusmão.

Mercado de capitais brasileiro ainda tem muito espaço para crescer

O último painel desta quinta-feira (26) debateu o processo de transformação e crescimento pelo qual o mercado de capitais está passando, especialmente em ações e a chegada de novas empresas à Bolsa. Caso a taxa de juros se mantenha baixa, esse é só o começo, segundo os painelistas.

O ano de 2020 começou com força nas ofertas e dava indícios de que seria promissor para o setor. No entanto, veio a pandemia da Covid-19 e as emissões foram interrompidas entre março e abril. “Mas a recuperação foi rápida. Em maio, foram quatro operações e desde então houve uma aceleração bem impressionante a ponto de indicar este como um dos melhores anos em número e volume de abertura de capitais e ofertas aqui no Brasil”, conta Sérgio Goldstein, vice-presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da ANBIMA.

Até novembro, foram 25 estreias na B3, contra cinco operações em todo ano de 2019. Esses IPOs (oferta pública inicial de ações) movimentaram quase R$ 32 bilhões, volume 220% superior ao do ano passado. “Essa euforia deu uma segurada a partir de agosto”, avalia Goldstein. Mas o cenário, de acordo com ele, é de um mercado pujante, vetor de crescimento para o país, que ajuda as empresas a se financiarem.

“Estamos apenas no começo”, disse Paulo Weickert, sócio-fundador da Apex Capital. Para ele, o país está apenas no início da migração de investimento em renda fixa para outros ativos, como as negociações na Bolsa. “Mesmo atingindo recordes no número de CPFs na B3 ainda é um número baixo comparado a outros países”, lembra. Segundo o executivo, o juro baixo é o grande impulsionador e, se ele se mantiver em um dígito durante um bom tempo, será positivo para o crescimento do mercado de capitais e da Bolsa, com novas companhias sendo listadas.

Um dos desafios atuais é incentivar a entrada de pequenas empresas no mercado. Na opinião de Bruno Zaremba, head da equipe de Private Equity da Vinci Partners, a maioria das operações busca levantar mais de R$ 1 bilhão para ingressar no mercado de ações. “Se você vende um terço da companhia, está falando de uma empresa que vale R$ 3 bilhões. E, para ela valer isso, precisa de um lucro entre R$ 150 mil e R$ 200 mil. Esse é o tamanho da empresa que hoje poderia entrar no mercado”, diz, ao considerar que isso realmente restringe o acesso.

 “Temos muitas companhias grandes que ainda são privadas e não listadas na Bolsa. Faz parte dessa evolução natural que a redução nas taxas de juros proporcione a chegada de companhias menores ao mercado. Mas é preciso que as pessoas físicas comprem ofertas, porque não serão os institucionais que farão essas compras. É uma questão de tempo”, diz Weickert. Ele compara a trajetória das empresas de menor capitalização com os fundos imobiliários no Brasil: eles cresceram ao longo do tempo e hoje são fortes e com ofertas de diferentes ativos, ancorados pelos investidores pessoa física.

Programação de hoje

O último dia do Congresso traz um dos maiores gestores de fundos mais influentes do mundo, Mohamed El-Erian, para uma conversa com o presidente da B3, Gilson Finkelsztain sobre o que esperar do futuro da economia global.

Antes dele, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, falará sobre o papel do banco no financiamento de longo prazo. A exposição dos investidores locais a ativos estrangeiros, inclusive por meio dos fundos de investimento, será o tema do segundo painel desta noite.

Inscreva-se para acompanhar.

 

Sobre a ANBIMA

A ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) representa mais de 300 instituições de diversos segmentos. Dentre seus associados, estão bancos comerciais, múltiplos e de investimento, asset managements, corretoras, distribuidoras de valores mobiliários e consultores de investimento. Ao longo de sua história, a Associação construiu um modelo de atuação inovador, exercendo atividades de representação dos interesses do setor; de autorregulação e supervisão voluntária e privada de seus mercados; de distribuição de informações que contribuam para o crescimento sustentável dos mercados financeiro e de capitais; e de educação para profissionais de mercado, investidores e sociedade em geral.