COP30: Levar cheque da Faria Lima até pequenos projetos sustentáveis requer capacitação dos profissionais do mercado, afirma Anbima
Belém, 17 de novembro de 2025 – A capacitação sobre sustentabilidade para todos os players dos mercados financeiro e de capitais é necessária para que o capital privado seja direcionado de forma adequada para projetos verdadeiramente sustentáveis.
“Levar o cheque da Faria Lima até projetos menores e locais, como encontramos aqui em Belém, demanda esforço e tempo, além de exigir que todos os agentes envolvidos nessa cadeia, inclusive os investidores, estejam alinhados com critérios claros de sustentabilidade, compreendam os riscos e oportunidades desses projetos e estejam dispostos a adaptar suas estratégias de investimento”, afirmou Luiz Pires, gerente de Sustentabilidade e Inovação da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), nesta segunda-feira, 17.
O executivo participou de painel no evento “Para além de Belém: o legado da COP30”, organizado pelo Pacto Global durante a COP30.
Pires relembrou a Jornada rumo à COP30 realizada por Anbima, CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) e Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) como exemplo de iniciativa bem-sucedida para desenvolver o mercado sobre investimentos sustentáveis. “Foram mais de 2 mil pessoas participando de workshops e se capacitando para ir a Belém mais bem preparadas sobre conceitos, produtos e regulações relacionadas ao financiamento climático”, explicou.
Segundo o painelista Daniel D’Elia da Costa, finance associate da Climate High-Level Champions Team, o desafio de unir as duas pontas – o mercado e os projetos sustentáveis – e atingir a meta de US$ 1,3 trilhão para financiamento climático não é a indisponibilidade de capital. “O grande gargalo é o matchmaking entre os dois”, afirmou.
Ele apontou que a boa notícia é que o mercado está acelerando o que já existe. “No setor financeiro, existem planos de transição que propõem melhoria de acesso a crédito e criação de taxonomias que se conversam, entre outras soluções que trazem mais foco em implementação.”
Desafios e oportunidades
Maria Netto, diretora-presidente do iCS (Instituto Clima e Sociedade), que também estava no debate, o recurso público “deve ser visto como um catalisador do investimento privado e precisa ser usado de forma estratégica”. Pires dá como exemplo o blended finance, ou financiamento misto, que une recursos públicos ou filantrópicos (chamados de catalíticos) ao capital privado. “O capital privado chega como uma alavanca e transforma um mecanismo de financiamento que seria finito em possivelmente infinito”, destaca. O programa brasileiro EcoInvest, que chega em breve ao quarto leilão, está ancorado nesta estrutura de capital misto.
Os painelistas apontaram também que os reguladores precisam estar na conversa, destacaram que as seguradoras devem ter reserva para o caso de catástrofes climáticas, falaram sobre a necessidade de aumentar a transparência de informações sobre investimentos verdes e ainda mencionaram que o cálculo de risco deve sempre considerar o impacto do clima e o desenvolvimento dos países.
Agenda: Anbima na COP 30
A Anbima tem ampla atuação na COP30: as iniciativas incluem a realização de eventos em parceria com a CNSeg e a Febraban; participação em debates no Pavilhão Brasil, dentro das Zonas Azul e Verde, programação oficial da COP; e no Investment COP, evento correalizado pela Anbima com a World Climate Foundation.
Confira a agenda da Associação no terça-feira, 18:
- Painel na Casa do Seguro
Adaptação climática e finanças sustentáveis: caminhos para a resiliência
Organização: Mapfre
Horário: 10h às 11h
Local: Casa do Seguro (Tv. Alferes Costa, 2828 - Pedreira, Belém)
Como participar: inscreva-se no site da Casa do Seguro ou assista à transmissão ao vivo no canal da CNSeg
Palestrantes: Luiz Pires (Anbima), Vinicius Brandi (Ministério da Fazenda), Paulo Artaxo (IPCC), Ricardo González García (Mapfre Economics) e Mónica Zuleta (Mapfre Espanha).
A Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) representa um ecossistema de cerca de 1.500 instituições de diversos segmentos, entre associados e instituições que seguem os códigos de autorregulação da entidade. São bancos comerciais, múltiplos e de investimento, asset managements, corretoras, distribuidoras de valores mobiliários e consultores de investimento. Ao longo de sua história, a associação construiu um modelo de atuação inovador, exercendo atividades de representação dos interesses do setor; de autorregulação e supervisão voluntária e privada de seus mercados; de distribuição de informações que contribuam para o crescimento sustentável dos mercados financeiro e de capitais; e de educação para profissionais de mercado, investidores e sociedade em geral.