As empresas brasileiras levantaram R$ 90,8 bilhões* a partir de operações com debêntures em 2017, o volume mais alto da série histórica da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), iniciada em 2002. As debêntures incentivadas, voltadas ao financiamento de infraestrutura, também registraram recorde de emissões (R$ 9 bilhões) desde seu lançamento, em 2012.

As debêntures sempre foram os principais ativos utilizados pelas companhias brasileiras para a captação de recursos no mercado local. O movimento de alta em 2017 é um forte indicador da retomada das operações no mercado de capitais como um todo. No ano, houve crescimento de 49,8% no volume total de emissões em comparação a 2016, como reflexo da queda da taxa de juros e, consequentemente, do custo de captação das companhias.

A finalidade dos recursos levantados com as operações demonstra ainda o estágio de recuperação das empresas, após um cenário de forte retração da atividade econômica. Grande parte do valor captado no ano passado (42,4%) foi destinado para capital de giro, a maior participação percentual dessa modalidade desde 2010. Uma parcela relevante também foi direcionada para o refinanciamento de passivos (32,1%), o que pode representar a troca por dívidas mais baratas e longas. Já a destinação de recursos para fins de investimento (em infraestrutura, por exemplo) foi de apenas 12,2%, mesmo com o avanço das debêntures incentivadas.

*dados atualizados em 24/01/2018 a partir do Boletim de Mercado de Capitais, divulgado em 08/01/2018. Foram consideradas ofertas iniciadas em 2017, cujo encerramento ocorreu na primeira quinzena de janeiro de 2018.