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2022#12: A crise na FTX, as DeFi e a inteligência artificial que ajudou a escrever este artigo
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2022

#12: A crise na FTX, as DeFi e a inteligência artificial que ajudou a escrever este artigo

A crise da FTX e o futuro das DeFi

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A crise financeira provocada pela falência da exchange FTX e da Alameda Research, ambas criadas e controladas pelo "ex-boy genius" Sam Bankman-Fried (SBF), gerou ondas sísmicas por todo o mercado cripto, e rendeu muitos memes, como o que ilustra esse texto.

O valor total dos prejuízos continua sendo apurado pelo novo CEO nomeado para a FTX, o veterano John J. Ray III (o mesmo que cuidou do estrago da Enron), mas pode passar de US$ 2 bilhões. No pedido oficial de falência da FTX, Ray escreveu que nunca em sua carreira "viu uma falha tão completa de controles corporativos e uma ausência tão completa de informações financeiras confiáveis como ocorreu aqui".

Em um mundo em que a palavra trustless é praticamente uma bandeira, SBF provocou uma tsunami. Trustless, nas Finanças Descentralizadas (DeFi), significa que não é necessária a mediação de uma terceira parte - banco, instituição financeira ou operador - para que um pagamento ou uma operação financeira ocorra entre duas partes. A quebra de confiança gerada pela FTX não pode ser atribuída a nenhuma falha do core dos protocolos DeFi. E foi nessa direção que defensores ferrenhos das Finanças Descentralizadas correram nas últimas semanas.

“Ouvi várias pessoas sugerindo que eu deveria revisar meu livro [DeFi and the Future of Finance] porque o fracasso da FTX significava o fim das finanças descentralizadas”, escreveu o professor de finanças da Duke University, Campbell Harvey, um dos maiores especialistas e defensores das DeFi. “Exchanges, como FTX e Binance, são centralizadas [CEX]. Os investidores confiam nelas para cuidar de seus tokens. Embora elas negociem também tokens descentralizados, elas não são DeFi”, afirma Harvey. 

Sam Bankman-Fried, argumenta o professor da Duke, montou uma CEX offshore, para fugir do escrutínio regulatório nos EUA. “A FTX estava usando fundos de clientes para resgatar uma entidade relacionada [Alameda]. Em jurisdições regulamentadas, isso é fraude de valores mobiliários”, crava Harvey.

O historiador econômico norte-americano, Dror Poleg, que tem longa carreira como executivo de private equity imobiliário e empreendedorismo em tech, correu para analisar a debacle da FTX e suas consequências para as DeFi, chegando a conclusões muito semelhantes às de Campbell Harvey. “Os detalhes da história ainda estão vindo à tona. Mas parecem incluir uma mistura inebriante de fraude, má governança e pirâmide clássica”, escreve Poleg. 

“A FTX é o oposto de tudo o que cripto é ou deseja ser. A empresa e sua plataforma operavam de forma muito semelhante a uma instituição financeira tradicional, mantendo decisões ocultas até mesmo de seus maiores investidores. Baseava-se na confiança tradicional: seus clientes e investidores lhes davam dinheiro porque confiavam em sua equipe administrativa”.

Como olhar DeFi à luz do fiasco FTX

  • Ponto para as DEX: Tanto Harvey quanto Poleg citam o protocolo Uniswap como exemplo de exchange descentralizada (DEX), que funciona no modo trustless verdadeiro. Se a FTX fosse DeFi, SBF não teria conseguido fazer os malabarismos que fez com dinheiro alheio. Nas DEX, todas as negociações são geridas por um algoritmo, de código, aberto, sem dono e disponível abertamente na blockchain Ethereum. A liquidez é garantida por quem tem os ativos e quer colocar seu dinheiro para trabalhar, recolhendo taxas em troca disso. “Vejo a liquidez e vejo o preço 24/7. Uma DEX não tem contraparte central. Eu interajo diretamente com o algoritmo. Isso é DeFi”, escreve Harvey.
  • O caminho, para as CEX: regulamentação. “O atual ambiente regulatório e a incerteza sobre a regulamentação futura nos EUA levaram muitas exchanges a operar fora do país. Hoje, mais de 90% das negociações foram transferidas para o exterior, em um ambiente não regulamentado, aumentando o risco do investidor. As exchanges norte-americanas estritamente regulamentadas, como a Coinbase, provavelmente serão as vencedoras como resultado do fim da FTX”, diz Harvey. 
  • DeFi, sem riscos? Não existe, ainda, argumentam Vivek Ramaswamy, presidente executivo da Strive Asset Management, e Mark Lurie, CEO da Shipyard Software, especializada em DeFi, em um artigo no The Wall Street Journal. “Mas o código fica mais forte a cada dia, em parte devido a essas cicatrizes de batalha. Os principais protocolos, como MakerDAO, Compound e Clipper, detêm mais de US$ 15 bilhões, e seus fundos de usuários nunca foram hackeados”.
  • Mas vai só na fé? “As DeFi estão cheias de experimentos para encontrar novas maneiras de fazer isso. Também existem experimentos para fraudar as pessoas. Mas a tragédia será agravada se jogarmos fora tudo o que aprendemos até agora e nos concentrarmos na aplicação de velhas soluções a um mundo completamente novo”, afirma Poleg.
  • E o que aprendemos? “Qualquer nova tecnologia enfrenta solavancos na estrada. Podemos escolher seguir esse caminho - ou não. Devemos pesar os custos em relação aos benefícios, e os benefícios potenciais das DeFi são vastos. Aposto no modelo de inclusão financeira e democracia financeira. Espera-se que o fiasco do FTX encoraje mais pessoas a considerar alternativas descentralizadas”, escreve Harvey.

 Para o seu radar

 No dia 30, Sam Bankman-Fried participou via videoconferência do DealBook Summit, evento organizado pelo jornalista Andrew Ross-Sorkin, do The New York Times. A entrevista completa você assiste aqui. A transcrição pode ser lida aqui.

 A crise da FTX abriu uma corrida por transparência entre os players da criptoeconomia. Uma das novidades é o índice CEX Transparency, lançado pelo DeFi Llama. O painel mostra o TVL (Total Value Locked) dos depósitos dos usuários nas exchanges centralizadas, excluindo o valor dos ativos digitais emitidos por elas mesmas. 

 A “cegueira” dos VCs no escândalo FTX é um dos colaterais mais polêmicos até agora. SBF foi capaz de levantar mais de US$ 1 bilhão junto a empresas de capital de risco muito conhecidas. Charlie Kerrigan, especialista em criptoeconomia, sócio da empresa inglesa de advocacia CMS London, acredita que o viés da “aversão à perda”, ao contrário, falou mais alto: VCs sofrem de ansiedade por não entrar em mercados para onde todo mundo está correndo.

O que são Automated Market Makers, os códigos das DeFi que incentivam os usuários a colocar seus ativos digitais em uma DEX, prover liquidez e ganhar dinheiro com isso.

 Vale ler, um trecho inédito da atualização do livro Token Economy, da especialista em Web3 e DeFi, Shermin Voshmgir, que explica “tim-tim por tim-tim” o que é DeFi e para onde vai isso tudo. “Devido ao colapso da FTX e da Alameda Research, decidi pré-publicar uma seção sobre DeFi da terceira edição do livro. Estou convencida de que a educação é a chave para uma discussão mais sutil sobre o que é o DeFi, por que o Web3 não falhou e o que precisa ser abordado antes que possam ser adotados pelo mercado em massa”.