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Congresso 2020: Resultados das eleições no Brasil e nos EUA não interrompem polarização

Para o cientista político Christopher Garman, o êxito de partidos de centro nas eleições municipais brasileiras não significa busca de eleitorado por moderação

A derrota de Donald Trump nas eleições presidenciais nos Estados Unidos e o fracasso dos candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro nas votações municipais de novembro de 2020 no Brasil não significam que os eleitores desses países começaram a rejeitar as políticas polarizantes que elegeram seus líderes em 2016 e 2018, respectivamente. A opinião é de Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group.

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“As teses de que a escolha do eleitorado pelo democrata Joe Biden, nos Estados Unidos, ou por candidatos de centro, no Brasil, como uma forma de rejeição às políticas polarizantes que elegeram os dois presidentes estão erradas”, afirma Garman, que participou de painel do segundo dia do Congresso Brasileiro de Mercado de Capitais, evento organizado pela ANBIMA e pela B3 nesta terça (24).

Para o cientista político, as bases que elegeram Trump há quatro anos e criaram um ambiente polarizado não arrefeceram. Um forte indicativo são os mais de 73 milhões de votos do atual presidente na última eleição norte-americana, mesmo em um cenário com boa parte da sociedade rejeitando a forma como o governo federal conduziu a crise de Covid-19. “Trump perdeu por um triz, mesmo com a percepção negativa da opinião pública sobre sua administração na maior crise sanitária e choque geopolítico desde a segunda guerra mundial”, opina.

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Christopher Garman (Eurasia, centro) conversou sobre política com Patrícia Campos Mello (Folha de S.Paulo, esq.) e Mansueto Almeida (ex-Tesouro, dir.) 
 

Garman vê sinais de aumento da polarização nos Estados Unidos nos próximos meses com a própria base eleitoral democrata fragmentada, com uma ala crescente do partido identificada com a esquerda, e com Joe Biden tendo o desafio de administrar um país em que 80% dos republicanos acreditam que houve fraude nas eleições. “Como o atual presidente sai com uma presença forte, os legisladores republicanos não poderão abandonar Trump e há suspeita de que ele possa anunciar a candidatura para concorrer em 2024”, disse.

Sequelas da Covid-19

Os Estados Unidos entram em 2021 com a pandemia fora do controle e a economia caminhando para uma recuperação em “K”. Isso significa que, enquanto alguns setores se recuperam mais fortemente, outros andam de lado ou ainda afundam antes de iniciar a trajetória de retomada. Com isso, as desigualdades de renda tendem a se intensificar. “Foi justamente isso que propagou o atual ambiente polarizado e as sequelas da Covid-19 podem exacerbar esse cenário”, avalia.

Diagnóstico semelhante é feito para o Brasil. O êxito dos partidos de centro nas eleições municipais de novembro precisa ser visto com cautela e não significa necessariamente a busca do eleitorado por mais moderação, ou ainda o enfraquecimento da base política do presidente da República. Para Garman, o pleito de 2020 foi atípico, em meio a uma pandemia, citando o índice de 65% de reeleição de prefeitos. “Ser prefeito foi um bom negócio nesta disputa”, afirma.

Em 2021, em um cenário de incertezas sobre a recuperação da economia com a retirada do auxílio emergencial e com a situação fiscal comprometida, sem espaço para o aumento de gastos, a insatisfação dos brasileiros com o establishment político pode aumentar. “A onda bolsonarista de dois anos atrás foi efeito da revolta das pessoas com a má qualidade do serviço público associada à corrupção. A crise atual pode levar a uma piora da qualidade dos serviços e aumentar a revolta popular com os políticos tradicionais. Qualquer leitura de que a polarização está diminuindo subestima o fato de que a pandemia deve exacerbar as condições de desigualdade no Brasil”, afirma.

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