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Investimentos com propósito ganham espaço e têm novos desafios

Do Complexo da Maré à gestão de grandes fortunas, negócios com impacto social ou ambiental ainda enfrentam dificuldades no Brasil, como a falta de atratividade para investidores e dificuldades regulatórias

O crescimento no Brasil dos chamados negócios de impacto – voltados a melhorar a vida das pessoas ou o meio ambiente – enfrentam ainda algumas barreiras regulatórias e também do ponto de vista da atratividade dos investidores. Painel realizado no 10º Congresso ANBIMA de Fundos de Investimento nesta quarta-feira, 24, em São Paulo, reuniu três representantes desse mercado. Alexander Albuquerque, CEO do Banco Maré, contou sua experiência em atender moradores de favelas; Fernanda Camargo, da Wright Capital, abordou as dificuldades regulatórias para investir em fundos com propósito; e Elie Horn, fundador da Cyrela, relatou suas atividades filantrópicas com ONGs voltadas para comunidades. A discussão foi moderada por Sonia Favaretto, da B3. Em comum, todos apontaram desafios para que este tipo de iniciativa ganhe espaço no país.

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Sonia Favaretto (B3), Fernanda Camargo (Wright Capital), Elie Horn (Cyrela) e Alexander Albuquerque (Banco Maré)

“Até hoje, o Banco Maré só conseguiu investidores de fora do país, com exceção aos R$ 15 mil aportados pela Caixa, o que é muito pouco. Isso precisa mudar e acredito que só quando mostrarmos que o negócio é sustentável conseguiremos atrair investidores daqui”, disse Albuquerque. Criado em 2016 no Complexo da Maré, que abriga 17 comunidades no Rio, o banco é digital e surgiu para atender à necessidade das pessoas pagarem suas contas sem terem que descer o morro. Hoje, permite transferências, compras via QRCode, tem cartão pré-pago da bandeira MasterCard e chegou em Heliópolis, maior favela de São Paulo, e em Arapicara, Alagoas.

“Quanto mais receita, mais impacto geramos. Não somos uma ONG. Somos um negócio que tem uma causa e visa melhorar a vida das pessoas em um país com 55 milhões de desbancarizados e 11 milhões de pessoas morando em favelas”, pontuou Albuquerque. “Consegui meu primeiro investidor na Argentina, o Pato Fuks, dono da empresa de coworking WeWork, mas aqui não obtivemos sucesso”, disse o executivo. Ele contou que mantém conversas com a CVM para criar instrumentos que liguem empresas com propósito a investidores do país.

Fernanda Camargo citou a necessidade de entendimentos com a CVM para facilitar aportes em FIPs (Fundos de Investimentos em Participações) que se destinem a negócios de impacto. Ela apontou várias dificuldades como, no início, a falta de produtos para investir. Outro entrave, que ela debate com a autarquia, se relaciona à análise do perfil do investidor, que acaba reduzindo o potencial de aportes em alguns dos fundos de propósito. “Quando aplicamos o suitability, a maioria tem perfil moderado para conservador e já não pode investir em FIPs. Também é preciso ser investidor profissional, e mais uma leva fica fora do horizonte”, explicou Fernanda. “Precisamos resolver esses itens para democratizar e estimular a entrada em fundos de impacto, mas sem afetar o resto do sistema”, acrescentou.

Mesmo assim, Fernanda acredita que o Brasil está passando pelo melhor momento para esse tipo de produto, citando como exemplos a Vox Capital, que investe em empresas de tecnologia que desenvolvem soluções para os problemas que atingem pessoas de baixa renda, e a MOV Investimentos, que opera um fundo que dá prioridade a projetos de impacto ambiental. Os clientes da Wright Capital destinam 1% do patrimônio para esse tipo de produto e, além disso, a gestora também cuida da parte filantrópica das famílias. “Aproveitamos toda a brecha legal para abatimentos, fazemos o imposto dos clientes e o que é possível destinamos em projetos sociais”, explicou.

Quem alcançou um extremo, do ponto de vista filantrópico, foi Elie Horn, que doou 60% do seu patrimônio e hoje tem quatro ONGs com propósitos diferentes. Horn descreveu sua experiência de vida como motivadora de sua atuação social. “Passei fome dos 8 aos 17 e comecei cedo a trabalhar, comprando e vendendo apartamentos sem ter dinheiro. Aos 15 anos, já tinha US$ 100 mil. Aos 30, cheguei a US$ 25 milhões e assim por diante”, resumiu o executivo. “Fui acumulando mais e continuei destinando recursos para projetos sociais”, disse. Para o fundador da Cyrela, a filantropia tem um retorno para quem faz e para toda a sociedade. 

 

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