Mesmo com cenário desafiador, perspectiva para FIIs é positiva, avaliam convidados do podcast #VaiFundo
Fundos de papel vêm crescendo e respondem por cerca de 45% do total de fundos imobiliáriosJá está no ar o novo episódio do podcast #VaiFundo, em que debatemos junto com o mercado temas relacionados ao universo dos fundos de investimento. Desta vez, Tatiana Itikawa, nossa superintendente de Representação, recebe Carlos Martins, sócio fundador da gestora Kinea Investimentos, e Augusto Martins, diretor da área de real estate do banco Credit Suisse, para discutir o cenário e as perspectivas para os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário).
Ainda que os últimos anos tenham sido bastante desafiadores para esta indústria, os convidados concordam que as perspectivas para o segmento são positivas e que os FIIs têm chamado muito a atenção dos investidores.
Para Carlos Martins, a análise deve considerar dois grandes grupos: os fundos de tijolo e os de papel. Os fundos de tijolo são impactados negativamente pela elevação da taxa de juros, já que os aluguéis não acompanham essa alta. Já os fundos de papel têm algum nível de correspondência com o movimento da taxa de juros, ou seja, tendem a exibir trajetórias similares.
“Os fundos de papel apresentaram um crescimento muito forte nos últimos anos e passaram a ocupar um percentual maior do total, que já está próximo de 45%. Já do lado dos fundos de tijolo, começamos a ver dados mais positivos em relação à indústria”, explica o especialista. “Existem também muitas oportunidades no mercado secundário para quem quer comprar coisas de muita qualidade e baratas.”
Augusto Martins lembra que, apesar do cenário adverso que se desenhou em 2022, o mercado de FIIs se manteve em crescimento. E, na visão dele, existe ainda muito espaço para crescer, porque é uma indústria pequena no país. “Quando a gente pega os fundos do IFIX, que é o índice do setor, temos [um patrimônio líquido] de R$ 120 bilhões, sendo metade de fundos de tijolo e cerca de 40% de CRIs. Comparando com outros países, a indústria deveria ter duas ou três vezes esse tamanho”, afirma.
Para este ano, Augusto Martins entende que, embora tenha ficado mais difícil captar dinheiro, dado que a taxa de juros a quase 14% elevou muito o custo de oportunidade, o mercado imobiliário tem indicadores muito positivos. “Os shoppings estão em franca recuperação e os escritórios também vêm em recuperação, não em decorrência do cenário macro, mas mais relacionado ao arrefecimento da pandemia de Covid”, avalia.
Embora concorde que a tendência para esse mercado seja positiva, Carlos Martins entende que ela não será homogênea. “Para escritórios, qualidade de ativo e localização são muito importantes. Devem ter melhor desempenho os bons prédios, bem localizados, por causa dessa mudança de como as empresas estão vendo essa volta [ao escritório], muitas vezes com trabalho híbrido”, afirma.
Para que essa indústria avance ainda mais, Carlos Martins defende uma modernização da lei que rege os fundos imobiliários. “É uma lei antiga, o mercado vem evoluindo, mas, muitas vezes, quando a gente olha o que está determinado na lei não consegue trazer os benefícios que existem nos outros fundos para os fundos imobiliários. É primordial que a gente tenha uma atualização da lei.”
Onde ouvir
O episódio “Fundos imobiliários em 2023: o que vem por aí” do podcast #VaiFundo já está disponível em várias plataformas de áudio: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts, Spreaker, Podcast Addict, iHeart e Castbox.
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