Para expandir o diálogo sobre o papel do mercado de capitais como uma das principais fontes de financiamento de projetos estratégicos de infraestrutura, viabilizando o desenvolvimento de setores-chave para a economia, reunimos nesta quarta-feira (7) representantes do governo federal e associados na sede da ANBIMA em São Paulo. 

Na primeira edição do “Encontro com Ministérios”, Gabriela Avelino, subsecretária de fomento e planejamento do Ministério dos Transportes, Felipe Queiroz, diretor da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Marco Aurélio, diretor-presidente da ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias), Cleyton Barros, chefe da Assessoria Especial do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), e Gustavo Masili, coordenador-geral de minerais estratégicos e transição energética do Ministério de Minas e Energia, trouxeram suas  visões sobre os desafios e as oportunidades no cenário atual em uma conversa com Cesar Mindof, nosso diretor, Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais, e Cristiano Cury, coordenador da Comissão de Renda Fixa.

Gabriela Avelino, subsecretária de fomento e planejamento do Ministério dos Transportes, destacou que a pasta já anunciou 24 leilões de rodovias para este e o próximo ano e lembrou que os sete leilões contabilizados em 2024 é um recorde histórico no país. “Estamos num crescente e prometendo crescer ainda mais. E, nesse contexto, apostamos muito no mercado de capitais como o instrumento para fazer essa carteira de projetos sair do papel”, afirmou, ressaltando o recorde de emissões de debêntures incentivadas para o setor de rodovias e ferrovias no ano passado.

Felipe Queiroz, diretor da ANTT, destacou que “a trajetória de crescimento e desenvolvimento passa por uma infraestrutura que traga produtividade para o país”. “Por isso é uma pauta tão importante. Não só pelo valor que gera em si mesma no setor, mas pelo que ela espraia, principalmente no longo prazo, para a economia como um todo”, pontuou.

Marco Aurélio, diretor-presidente da ABCR, acrescentou que o cenário atual une qualidade e quantidade, referindo-se ao grande volume de projetos que levaram aos números recordes no mercado de capitais. O volume de debêntures incentivadas, com benefício fiscal pela Lei 12.431, atingiu R$ 135,1 bilhões em 2024, o maior volume na série histórica da ANBIMA iniciada em 2012. O patamar registrado no primeiro trimestre deste ano (R$ 46,0 bilhões) também é o maior já contabilizado nesse intervalo.

Para dimensionar o momento do setor, Cleyton Barros, chefe da Assessoria Especial do PPI, citou a previsão de fazer 82 leilões neste ano, totalizando R$ 130 bilhões em investimentos. “De um lado, não existe uma alteração na diretriz governamental em relação ao financiamento dos bancos públicos. O BNDES tem tido um papel muito relevante, tem aumentado os desembolsos no limite da sua capacidade para o setor de infraestrutura. Mas temos que buscar a diversificação das fontes de financiamento e o mercado de capitais tem um papel importantíssimo.”  

Completando a mesa de debates, Gustavo Masili, do Ministério de Minas e Energia, comentou que “a transição energética que vivemos hoje está transformando o setor de mineração”. “Porque a demanda já não está mais crescendo linearmente, está crescendo exponencialmente”, acrescentou, citando que a demanda de lítio, por exemplo, deve crescer 15 vezes até 2050 em relação ao montante atual para atender as novas tecnologias que estão surgindo.