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MKBR24: financiamento da agenda de sustentabilidade depende de regras claras

Padronização de informações e transparência induzem participação do mercado de capitais

A agenda das finanças sustentáveis, representada principalmente pelas emissões de títulos verdes, tem crescido no Brasil, mas ainda restam importantes desafios para a continuidade desse movimento. Para financiar a transição energética e ajudar na mitigação das emissões de gases de efeito estufa, o mercado de capitais precisa de regras claras, transparência de informações e taxonomia local, além de uma parceria com os governos.

“Os padrões ajudam a dar credibilidade para os investidores e nisso o mercado tem papel relevante”, afirmou Ana Buchaim, vice-presidente de Pessoas, Marketing, Comunicação, Sustentabilidade e Investimento Social da B3, em participação no MKBR24, evento realizado pela ANBIMA e pela B3.

Nos últimos anos, a ANBIMA lançou um guia para emissões de títulos ESG, estabeleceu uma classificação para fundos de investimento sustentáveis e criou a Rede de Sustentabilidade, enquanto a B3 lançou um índice que reúne as empresas que se destacam em indicadores de diversidade (IDIVERSA B3) e uma designação para ações verdes, entre outras iniciativas.

Se os investidores demandam ativos com o recorte de sustentabilidade, o Brasil igualmente tem avançado na estruturação de emissões, observou o diretor da ANBIMA e diretor-presidente da BB Asset Management, Denísio Liberato. “Antes eram maiores, entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões, para o financiamento de energias eólica e solar e para empresas de saneamento básico já consolidadas. Mas agora já é possível que operações menores financiem produção de coco de babaçu e açaí por populações ribeirinhas, por exemplo”, informou.

Na outra ponta, é grande o interesse dos investidores, inclusive do varejo, como mostra a captação de R$ 600 milhões em apenas três semanas de um Fiagro da gestora que vai destinar recursos para a recuperação de terras degradadas. 

O valor da padronização
Na opinião do diretor de Sustentabilidade para a América Latina do UBS BB, Frederic de Mariz, para o mercado de capitais efetivamente financiar a sustentabilidade, as regras têm que ser claras.

“Isso é essencial para mercado, que opera de maneira racional, fazer fluir o dinheiro necessário”, afirmou, lembrando que a taxonomia europeia funcionou como impulsionador do movimento no país, mas que é possível o Brasil adotar padrões próprios. “Existe um enorme gap entre a necessidade de investimentos nessa agenda e o montante alocado todos os anos”, destacou.

Mariz disse ainda que são desafios para a estruturação de títulos verdes no país os times ainda reduzidos; a classificação, pelas empresas, das suas atividades que podem estar ligadas à agenda de sustentabilidade; a estruturação de operações incluindo adaptação a mudanças climáticas; e a comunicação com o mercado.

Sustentabilidade no negócio
Empresa que pela própria natureza de seu negócio pode originar ativos sustentáveis, a Sabesp recentemente reforçou o mapeamento dessas atividades. Entre elas, o diretor-presidente da companhia, André Salcedo, citou a expansão da rede de distribuição de água e saneamento e as ações de preservação de mananciais (que, inclusive, têm impacto positivo sobre a população do entorno). “A classificação de ativos sustentáveis dá visibilidade a uma agenda que é muito importante para a companhia”, acrescentou.

Nessa pauta, o Brasil tem uma característica interessante, ressaltou Mariz. “Enquanto na Europa a agenda é impulsionada por reguladores e consumidores e nos Estados Unidos existe uma barreira de polarização, no Brasil o protagonismo é das companhias”, concluiu.

Energias Renováveis
Em outro painel, o cientista brasileiro 
Carlos Nobre, referência mundial em estudos sobre mudanças climáticas, questiona a indústria global de combustíveis fósseis que, segundo ele, investe US$ 7 trilhões por ano, contra só US$ 500 milhões a US$ 600 milhões em energias renováveis. “Por que a velocidade da transição é tão lenta?”

O planeta está em sua temperatura mais quente em 125 mil anos. Os cientistas previam que a temperatura fosse subir 1,3 graus em 2023, mas foram surpreendidos com a alta de 1,5 graus. “O risco está crescendo tanto que é importante que o mundo financeiro perceba”, disse ele.

O salto inesperado na temperatura faz com que no mundo inteiro explodam os eventos climáticos extremos. Não são só as fortes chuvas, como as vistas no Rio Grande do Sul, mas também a seca extrema na Amazônia este ano. Além disso, em 2022, 62 mil pessoas morreram na Europa pelas ondas de calor.

Mesmo que a temperatura caia um pouco com o fenômeno La Niña no segundo semestre, ela não reduz mais, diz o cientista. Se as emissões não diminuírem, a alta na temperatura chegará a 2,5 graus em 2050 e pode passar de 3 graus em 2100. “Nesse nível, o Centro-Oeste, a Amazônia e o Norte do Sudeste não vão mais conseguir produzir bens agrícolas – o Brasil pode deixar de ser o quarto maior produtor de alimentos do mundo”.

“Se o setor econômico-financeiro não conseguir alterar essa curva, o risco para todo o planeta é muito grande”, disse Nobre. Ele sugere que o mercado de capitais envolva a Ciência para avaliar os riscos. O custo dos eventos extremos é muito mais alto do que a resiliência e o planejamento, observa o cientista.

O MKBR24 é um evento bienal sobre o mercado de capitais, realizado desde 2018, numa parceria entre a ANBIMA e a B3. Reúne grandes nomes do Brasil e do exterior para debater o cenário atual e as iniciativas que estimulem o crescimento sustentável do mercado de capitais brasileiro.

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