Talk show com o Bial: Brasil precisa dialogar para dar fim à polarização ideológica
Lilia Schwarcz, Nelson Jobim e Sorocaba falaram sobre o país sob diferentes perspectivasO primeiro dia do Congresso Brasileiro de Mercado de Capitais, promovido pela ANBIMA e B3, terminou com um animado e provocador talk show comandado pelo jornalista e apresentador Pedro Bial. Acompanhado pelo grupo musical Quinteto, banda do antigo Programa do Jô, ele conduziu três entrevistas que mostraram o Brasil sob diferentes perspectivas.

Na cadeira dos entrevistados, estiveram a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz; o ex-ministro e ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim; e Sorocaba, um dos maiores empreendedores do entretenimento nacional e famoso pela dupla sertaneja com Fernando.
No primeiro bate-papo, Lilia analisou a situação brasileira sob o ponto de vista histórico, indicando que a origem de boa parte dos problemas que enfrentamos hoje está em nosso passado. Ela citou como exemplo um verso do hino à Proclamação da República que diz: "nós nem cremos que escravos outrora tenha havido em tão nobre país" e lamentou: "menos de dois anos após abolirmos a escravatura nós já passávamos a negar sua existência”.
Lilia também falou sobre a polarização ideológica vivida hoje no Brasil e reforçou que isso já foi observado muitas outras vezes na história. Para ela, só o diálogo e o envolvimento da sociedade podem solucionar essa questão. “Hoje há muita descrença e pouco diálogo. Diversidade cria diversidade. Quanto mais pluralidade nós tivermos, mais ricos nós seremos”, concluiu ela.

Na sequência, o ex-ministro Nelson Jobim falou sobre as complexas relações institucionais hoje no Brasil, com a difícil interlocução entre os poderes e o papel assumido pelo Judiciário como moderador desse cenário. “A ausência de líderes partidários fortes no Congresso Nacional levou a uma disfuncionalidade do Poder Legislativo que, por sua vez, provocou também disfuncionalidades no Executivo. Dessa forma, minadas as possibilidades de decisões consensuais, as disputas passaram a ser arrastadas para os tribunais”, explicou o ex-ministro.
Jobim ainda fez uma forte defesa do combate à corrupção, mas ressaltou: “Mais do que punir aqueles que cometeram crimes no passado, é preciso, sobretudo, combater os incentivos e modelos que hoje permitem que esses desvios aconteçam”.

Na última entrevista, que marcou o encerramento do primeiro dia de congresso, o cantor e empresário Sorocaba contou a Bial sobre as dificuldades de se empreender no país. Além de músico de sucesso, ele também agencia a carreira de outros artistas renomados e investe em empresas dos setores de alimentação, moda e medicamentos. “Para se ter sucesso, é preciso estar conectado a profissionais de alto nível, que possam liderar essas iniciativas”, recomendou Sorocaba.
O músico ainda passou uma mensagem de otimismo para toda uma nova geração de empreendedores que vê surgindo no país. “O empreendedor no Brasil ainda é muito desvalorizado. O sujeito que gera empregos e tem ideias novas precisa ser reconhecido. Temos que restabelecer no jovem o desejo de criar algo novo, de empreender”, finalizou Sorocaba, que fechou a noite com uma palinha ao vivo de uma de suas canções.
