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2023#04: Direto de Tóquio: os destaques do PRI in Person
Regulação Internacional

2023

#04: Direto de Tóquio: os destaques do PRI in Person

A importância da educação ESG para a materialização da sustentabilidade

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Quando entramos no tema do investimento responsável (RI), um dos aspectos que salta aos olhos é o impacto que a educação dos profissionais do mercado financeiro sobre aspectos ESG tem sobre o movimento urgente de sair do compromisso para a ação em investimento responsável.

Não por acaso, o tema de educação ESG foi um dos destaques no evento PRI in Person. No painel "Bridging the ESG skills gap", Anthony Roberts, diretor da área de educação para investidores, do PRI, comandou uma conversa sobre o impacto significativo que as competências ESG dos diferentes stakeholders das instituições financeiras podem ter no impulsionamento do investimento responsável, e que lacunas são essas que precisam ser preenchidas.

"Todos nós conhecemos e reconhecemos os motivadores do investimento responsável: a materialidade dos fatores ESG na avaliação do risco e retorno dos investimentos; a demanda dos clientes por investimentos responsáveis; e a regulação que exige cada vez mais transparência e mais divulgação por parte dos investidores. Portanto, nada disso é obstáculo à ação", diz Roberts. 

As pistas estão nas evidências trazidas por pesquisas e relatórios sobre as habilidades das pessoas em questões ESG, e sua assimetria com a demanda de competências, aponta Roberts. "Duas pesquisas recentes mostram que, de um milhão de perfis de profissionais de investimento no Linkedin, apenas 1% divulgam habilidades de sustentabilidade relacionadas a ESG em seus perfis, e 77% dos profissionais de finanças reportam um apagão de competências em suas organizações".

A percepção inicial, diz Roberts, é que essa lacuna estaria nos escalões mais altos das empresas, mas a prática está demonstrando que, na verdade, a falta de letramento em sustentabilidade no resto da empresa freia as estratégias ESG, complica delegar atividades e impede sua execução, porque as equipes não entendem o que é esperado delas.

A pesquisa acadêmica suporta essa percepção com evidências empíricas, diz Yuxia Zou, professora assistente da Nanyang Technological University, e pesquisadora do PRI. A ausência de treinamentos em ESG nas empresas, e consequentemente o aumento da dificuldade em implementar as estratégias, tem gerado um efeito contrário sobre o compromisso com a agenda e a conversão desse compromisso em prática.

"Ao fazer o levantamento dos signatários do PRI ao longo dos anos, vemos que desde 2009 começa a aparecer a linha azul mais clara, mostrando empresas que desistiram do projeto. Até 2021, foram mais de 1,1 mil empresas desistentes, o que significa US$ 10 bilhões de ativos sob gestão. Entre essas empresas, 30% abandonaram por motivos de reestruturação corporativa, como fusões e aquisições, mas 70% deixaram de ser signatários por outros motivos", diz Zou (confira no gráfico abaixo).

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Ao se aprofundar na análise, a pesquisadora identificou três fatores que influenciam o compromisso da empresa com sustentabilidade: responsabilidade individual do chefe do departamento; treinamento interno sobre investimento responsável e a confiança interna sobre o relatório de informações.

"O treinamento aparece como o indicador mais robusto que garante o compromisso público de longo prazo com o investimento sustentável.Observamos diferenças muito significativas entre as regiões geográficas e, internamente, entre os diferentes níveis de emprego. As empresas que mantiveram seu compromisso também tinham melhores sistemas de controle de gestão do que aquelas que optaram por sair", explica Yuxia Zou.

No coração do problema

"Ao longo do tempo, vimos a sustentabilidade deixar de ser apenas uma área insular dentro das empresas para ganhar corpo com estratégias, governança, objetivos, métricas e políticas corporativas para acompanhar as regulações emergentes. Hoje, está muito claro que a sustentabilidade precisa permear toda a companhia porque não se trata mais de escolher se quer, ou não, ser sustentável", diz Marcelo Billi, head de Sustentabilidade, Inovação e Educação da ANBIMA.

A pesquisa do PRI, explica Billi, mostra o efeito "copo meio cheio", já que evidencia que, onde a educação sobre sustentabilidade foi feita de forma customizada, visando simetria de conhecimentos sobre ESG em todos os níveis da empresa, a sustentabilidade foi absorvida por toda a companhia, incluindo os aspectos de geração de valor.

"Agora, é preciso mudar como os negócios acontecem. A pessoa de compliance que faz avaliação de fornecedores precisa aplicar conceitos de sustentabilidade. Um analista de investimentos precisa compreender a quais riscos e oportunidades socioambientais seus ativos estão sujeitos, e como isso pode impactar na geração ou perda de valor de uma companhia investida. E todos precisam de ferramentas que ajudem a metrificar isso tudo", afirma.

A estratégia de educação para a sustentabilidade precisa oferecer informações diferenciadas conforme as camadas hierárquicas e de responsabilidade dentro da companhia. "A alta liderança precisa de informações para olhar para o futuro: quais são as demandas da sociedade; quais são as tendências globais e o comportamento dos clientes no Brasil e no exterior", diz Billi.

Solução na ponta dos dedos

Em junho, a Associação lançou o ANBIMA Edu, um aplicativo educacional, gratuito para qualificar os profissionais que trabalham no mercado financeiro ou buscam colocação. Os conteúdos estão divididos em jornadas de aprendizagem, que incluem Investimento ESG, ESG no mercado financeiro, Cálculo Financeiro, Criptoeconomia no Mercado Financeiro, entre outros.

"Temos o grande desafio de projetar ações e estratégias da ANBIMA para apoiar os associados que vão muito além de educação e treinamento. A sustentabilidade e o investimento responsável estão evoluindo o tempo todo, e agregando novas camadas de informação e regulação que precisam ser compreendidas e aplicadas", explica Billi. 

"Vamos precisar de uma interlocução muito forte para trazer mais transparência, mais entendimento das prioridades e evitar o retrabalho. Por isso, a Rede ANBIMA de Sustentabilidade foi criada. Seu papel é agregar conhecimento de diferentes vozes e fomentar a agenda ESG no mercado de capitais", finaliza.

Para o seu radar

  • Qual o grau de maturidade da sua instituição em práticas ESG? A íntegra da pesquisa da ANBIMA traça um panorama inédito de como a sustentabilidade é vista e tratada no mercado de capitais brasileiro.
     
  • Vale conferir: os relatórios do PRI (Principles of Responsible Investments) sobre investimento responsável.
     
  • Para saber mais: a pesquisa do Capital Monitor sobre o gap de conhecimentos ESG no mercado financeiro global.

Sinais de fumaça no horizonte…

  • Novos números sobre as vantagens de atingir as metas do Acordo de Paris: em 2030, os esforços para conter o aquecimento global abaixo dos 2°C podem gerar benefícios econômicos acumulados de US$ 467 trilhões.
     
  • O que querem os investidores privados em negócios de impacto? Segundo dados da pesquisa Mind the Gap, do projeto T100, da Toniic, 75% dos investidores não consideram o investimento em negócios de impacto mais arriscado que nos negócios tradicionais.