SXSW 2022: Hora de explicar as buzzwords
Confira a cobertura especial do maior evento de inovação do mundoUm final de semana disruptivo, em que palavras como Metaverso, Web3, DeFi e NFTs fizeram parte de vários keynotes e debates nas trilhas de conferência da SXSW, em Austin. Detalhamos o que pensam três gurus — Amy Webb, Scott Galloway e John Maeda — para começar a cobertura com o pé direito. No site da The Shift você lê o material completo.
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Amy Webb convida à re-percepção
Identidade no metaverso. Uma IA mais perspicaz, conhecedora dos nossos sentimentos. Biologia sintética aumentando nosso poder de armazenamento computacional… Pelo 15º ano consecutivo, a futurista Amy Webb subiu ao palco do SXSW para revelar detalhes do relatório anual de tendências do Future Today Institute. Esse ano com 668 páginas, abrangendo 574 tendências longitudinais de tecnologia e ciência, distribuídas em 30 cenários. Algo para consumir devagar, considerando seu alerta para exercitarmos cada vez mais a nossa percepção sobre os fatos, os dados e as certezas adquiridas a partir deles.
“As tendências por si só não são suficientes, disse Webb. “Precisamos usar as tendências para nos ajudar a re-perceber o futuro. Para nos ajudar a influenciar o futuro”, disse a futurista. Em outras palavras, para ressignificar a inovação.
Como? A própria Amy Webb exemplificou, usando a experiência da vaca de Dallenbach: parando de nos concentrar só nos pontos pretos; o que nos impede de prestar atenção aos espaços em branco e mudar a nossa percepção a respeito do que está diante de nós. “A partir deste dia, você se lembrará de questionar suas suposições sobre como os negócios — e os seus negócios — funcionam e observará as tendências emergentes com mais curiosidade do que dizer imediatamente ‘não’. E começará a enxergar novas oportunidades e o risco que outros não conseguiram ver”, disse.
A re-percepção é a essência da criatividade. A re-percepção é a essência da inovação e do empreendedorismo e a qualidade essencial da boa gestão, afirmou Webb.
A re-percepção nos ajuda a lidar com a ambiguidade e a incerteza, para que possamos tomar melhores decisões no presente e explorar novos territórios. Mudar a forma como buscamos informações. Avaliar os sinais de mudança e explorar os espaços em branco, mesmo diante de temas supostamente conhecidos, como a Inteligência Artificial. A partir dela, Amy Webb chegou ao Metaverso, ao Blockchain, à Web3, aos NFTs e à Biologia Sintética.
- “Estamos nos aproximando do dia em que as redes de IA tomarão suas próprias decisões sem um humano no circuito. E se isso te assusta, você não é o único. A IA está começando a mudar a forma como nos comunicamos”, afirma Amy Webb. “Ela pode determinar o que queremos dizer, não apenas o que dizemos”.
- Os desenvolvedores já estão começando a brincar com a forma como reconhecemos a emoção na IA e ensinando as máquinas a reconhecer quem você é, o que está sentindo e como está em um determinado momento. E não se trata mais apenas de reconhecimento facial. A IA pode reconhecer as pessoas por seus padrões de respiração ou batimentos cardíacos.
- "O metaverso faz parte da Web3", diz ela. "Essa nova versão da Internet que estamos buscando também cria uma nova oportunidade de obter acesso irrestrito a você e seus dados em um número inimaginável de dimensões".
- "A Web3 é sobre transparência. A Web3 é sobre interoperabilidade e confiança", diz ela.
- O burburinho em torno dos NFTs começará a desaparecer. "Os colecionáveis digitais são valiosos por causa da escassez e porque, por enquanto, existe um mercado para eles. Pode haver escassez de NFTs individuais, mas existem milhões de colecionáveis digitais e isso significa que o mercado está saturado e a analogia com as belas artes não combina".
- Assim como a IA e o metaverso, biologia sintética é outro termo abrangente para diferentes tecnologias. Um campo interdisciplinar relativamente novo da ciência que combina engenharia, computadores, design e biologia. "Pesquisadores redesenham organismos para dar-lhes novos ou melhores propósitos", afirma. De acordo com ela, a principal descoberta do relatório desse ano é que os computadores e a biologia estão se tornando uma coisa só. Estão se fundindo.
Há muito mais no relatório de tendências desse ano. E há também um alerta. Na opinião de Webb, o maior problema que o mundo enfrenta agora não é criar a Web3, o Metaverso ou robôs de IA dominando o planeta. A maior ameaça está relacionada a uma emergência climática.
Como usar a re-percepção daqui para frente para mudar isso?
"Não estou pedindo para vocês estarem prontos para tudo. Estou pedindo para vocês estarem prontos para qualquer coisa, especialmente se desafiar suas crenças mais profundas. Eu preciso que vocês comecem", diz Webb. "Vocês constroem o futuro todos os dias com escolhas. Cada escolha é uma chance de tornar o futuro melhor. Lembrem-se disso!"
Seu recado não poderia ser mais claro!
Direto de Austin - Guia para VCs
VENTURE CAPITAL - Onde investir em 2022? Baixe o SXSW PitchBook Report 2022. 572 startups já participaram do SXSW Pitch nos últimos 14 anos, captando US$ 14,5 bilhões.
Como quebrar as barreiras para founders negros
Para ter sucesso, um fundador de startups negro precisa enfrentar mais desafios do que um empreendedor branco. Como reduzir essas barreiras? O trabalho é árduo, mas possível, como explicam Kathryn Finney, fundadora e CEO do Genius Guild, Henri Pierre-Jacques, Managing Partner do Harlem Capital, e Veronica Reaves, Senior Associate na Maveron, no painel "Black Investors Breaking Down Investment Barriers", do SXSW. Como investidores negros, os três discutem estratégias para garantir que o capital chegue a uma maior diversidade de founders.
Dois pontos são essenciais para garantir mais abertura para fundadores e investidores negros: dados e um ecossistema. As métricas são fundamentais porque os founders serão questionados sobre a evolução da empresa, o que se torna ainda mais importante quando o viés incide sobre a decisão dos fundos de capitalizar ou não esses empreendedores.
Finney acredita que um próximo desafio será garantir que as empresas de pessoas negras continuem escalando. "Vemos que, por causa do fluxo de capital, o valuation de startups lideradas por emprendedores negros foi inflado sem que existisse uma base para isso. Agora, o timing não é bom e, ao tentar levantar outra rodada, o empreendedor não vai ter como sustentar o valuation", afirma.
É essencial que o mercado perceba que o Venture Capital não fez o due diligence e inflou o valuation, não que as empresas fundadas por negros não conseguem sobreviver. Como pontua Pierre-Jacques, um empreendedor negro impacta a comunidade e, em caso de falha, as consequências podem se alastrar para outras empresas lideradas por pessoas negras.
Além disso, a diversidade deve ser garantida, o que é sinônimo de criar um ecossistema de inovação de pessoas negras. Não basta injetar capital, já que todo o universo de startups e Venture Capital se baseia no networking. É preciso criar essas conexões. "Nossa visão sempre foi como criar um ecossistema. O programa de estágio foi para criar mais investidores diversos para contratarmos e para que outros fundos possam contratá-los. O jogo do Venture Capital não é sobre ser a companhia com a melhor performance. As relações no Venture Capital importam. Não é só pelo negócios", afirma Pierre-Jacques.
Direto de Austin - 9 startups
PITCHS VENCEDORES - Confira a lista das 9 startups early-stage que venceram o SXSW Pitch 2022. O Best in Show é a Hilos.co, que usa 3D Printing para produzir calçados sob demanda.
Resiliência e adaptação para prosperar
Resiliência é a palavra que melhor poderia definir estes tempos. Ela aparece em todos os relatórios climáticos, de risco e de negócios. Também é o tema do “Resilience Tech Report 2022: The Hazard Zoography”, apresentado por John Maeda em sessão ao vivo na SXSW 2022. Ao reunir alguns pontos sobre os quais vem pensando e trabalhando, desde que assumiu o cargo de CTO da Everbridge, com o mandato de liderar a tecnologia de longo prazo e a visão de produtos da empresa, Maeda desenhou um cenário que tem muito de assustador, mas no qual existe espaço para adaptação, mudança e melhores escolhas.
Fã de anbigramas, representações gráficas que envolvem palavras que se leem de diferentes orientações, Maeda juntou em uma única representação Resiliência e Adversidade. As duas coisas estão combinadas no relatório dividido em cinco partes:
- Design e resiliência – falando sobre forma, função e os medos que nos levam a enfrentar o problema ou fugir dele.
- Resiliente para mudar – saber a diferença entre as coisas que não se pode mudar diante das coisas que podemos mudar.
- Resiliência e o que importa – diante da adversidade, o importante é focar naquilo que você ama na sua vida.
- O negócio da resiliência – novas tecnologias para gerenciar os momentos em que estivermos diante dos “desconhecidos conhecidos”.
- As adversidades são tendência – à medida que o mundo se torna mais desafiador, nós estamos nos tornando mais resilientes.
"Troquei de carreira porque eu percebi que tantas coisas ruins estavam acontecendo e eu estava temeroso, e achei que a melhor maneira de me tornar menos temeroso seria aprender tudo sobre as coisas das quais eu tinha medo”, explicou o especialista em inovação. Os temores, claro, estão ligados às rápidas mudanças que vêm acontecendo e seu impacto em praticamente tudo o que conhecemos.
Mas como nos adaptamos à mudança? “Tendo mentalidade de iniciantes”, responde Maeda. Leia a íntegra do artigo aqui.
Direto de Austin - O Metaverso ao vivo
METAVERSO OPEN - Coelho ou Urso, quem seria você no Fluf Haus, o metaverso criado para a SXSW pela startup Fluf World? Seus fundadores defendem que a Web3 só vai prosperar se for Open.
Scott Galloway: quatro previsões e um conselho
Há ao menos uma certeza em relação ao SXSW 2022, além da constatação de buzzwords do momento (Web3, Metaverso, DAO e NFT): não é possível ficar indiferente às provocações do professor Scott Galloway, que trouxe updates em relação ao seu relatório anual de tendências, divulgado no início do ano.
- Sim, ele voltou a falar que Mark Zuckerberg vai falhar em sua versão do Metaverso. Mas dessa vez foi mais explícito nas explicações sobre porque acredita mais no Appleverse. E a voz, como interface, está diretamente relacionada a isso.
- Por falar em áudio, Galloway também acredita na Alexa como instrumento fundamental para os planos da Amazon em se tornar uma poderosa health care.
- O professor vê os NFTs como instrumentos de status e de capital social, à medida que a vida se move mais para o online. Eles farão o papel que um relógio, carro ou uma roupa de grife fazem no mundo offline. Marcas de luxo podem criar "assets" digitais usando a tecnologia de NFT para usarmos no ambiente digital e nos diferenciarmos das outras pessoas.
- E, para ele, o grito de guerra "descentralização" da Web3 continua a funcionar como um proxy para "recentralização". "Há a mesma desigualdade ocorrendo na centralização. Além disso, os intermediários também já estão surgindo", diz ele.
Scott Galloway também disse qual será, na sua opinião, a grande oportunidade no mundo pós-Covid. Confira aqui.
Direto de Austin - De olho nas DAOs
VÍDEO ANBIMA - As Decentralized Autonomous Organizations (DAOs) apareceram na maioria dos painéis de finanças que da SXSW 2022. A Amanda Brum, gerente de marketing da ANBIMA, conta tudo em vídeo.
Sinais de impacto... Web3, DAOs, NFTs e Metaverso
Web3, NFTs, DAOs e Metaverso são as buzzwords da vez. Conhecer esses conceitos é importante não só por se tratar de inovações tecnológicas, mas também para saber quais oportunidades estão sendo criadas. Esse foi um dos pontos abordados por Sandy Carter, SVP e Channel Chief da Unstoppable Domains, durante o painel “Featured Session: Web3, NFT, Metaverse! 3 Easy Steps To Get Started”.
Sandy Carter alerta que a Web3 cria um novo modelo de propriedade, em que cada pessoa deve se tornar um membro da internet descentralizada, realmente sendo dona dos seus dados e identidade.
As perspectivas são animadoras, mas ainda estamos no começo da Web3 e enfrentamos não só desafios de experiência dos usuários, como o custo da tecnologia ainda pode ser muito alto.
A evolução para a próxima fase deve seguir um ciclo virtuoso: os early adopters entraram na Web3 e fizeram dinheiro; o Venture Capital e as aceleradoras foram atraídos pelo conceito; com mais investimento, nascem novas aplicações e inovações, o que traz mais pessoas para o espaço. Confira a conversa toda aqui.